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Colunistas Meritocracia (2)

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As boas escolas, uma formação acadêmica de qualidade, ajudam, e muito, mas não garantem um lugar no topo.

Foto: Agência Brasil
As boas escolas, uma formação acadêmica de qualidade, ajudam, e muito, mas não garantem um lugar no topo. (Foto: Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Em artigo anterior sugeri que é altamente discutível o dogma marxista de que todo trabalhador é explorado pelo patrão. No mais das vezes trata-se de um acordo de homens livres, vantajoso para as duas partes.

A suposta espoliação do trabalhador em toda relação de trabalho, é a base da crítica recente, em certas áreas, ao conceito de meritocracia, ou mérito.

O professor americano Daniel Merkovitz, por exemplo, diz que o mérito é um sistema fechado e uma farsa. Segundo ele, as elites (ele quer dizer os ricos) adrede “construíram um conjunto de padrões especificamente para favorecê-los”. Como os ricos podem pagar as melhores escolas, só os filhos dos ricos ocupam os melhores postos do mercado e fazem jus aos salários mais altos.

Ele toma o todo pela parte. Basta ver que gente como Bill Gates (Apple), Larry Elston (Oracle), Michael Dell (Dell), Mark Zuckenberg (Facebook) e outros do clube seleto: não nasceram em berço de ouro, são bilionários (e em dólares), e mal chegaram a concluir cursos comuns de graduação.

As boas escolas, uma formação acadêmica de qualidade, ajudam, e muito, mas não garantem um lugar no topo. Ganhar muito dinheiro não é algo que se aprenda na escola. Olhem os milionários da música e do cinema, e atletas de ponta no futebol, no basquete e outros esportes.

Merkovitz diz que os profissionais do mercado ganham muito mais do que os do serviço público. Mas ele compara a média de ganhos do serviço público, com os ganhos de banqueiros e advogados de ponta, a exceção da exceção. No Brasil de mais de um milhão de advogados, não chega a 1% deles que ganham mais do que na magistratura e no Ministério Público.

Para negar o valor do mérito, o autor assinala que um professor, cuidador ou lixeiro ganham menos, mas trazem mais benefícios para a sociedade do que banqueiros e advogados. Mas quem, dentre o professor, o cuidador, o lixeiro traz mais benefícios? Salário não se mede por esse critério. Todos os ofícios são úteis e necessários. É assente e pacífico que altos executivos, advogados de renome, analistas de investimento ganhem mais. Raciocínios desse tipo são imprestáveis.

E como sair dessas armadilhas? Merkovitz quer obrigar as escolas de ponta a receber mais alunos da classe média, garantir nos conselhos de administração das empresas representantes sindicais (e por que não um representante da empresa na direção do sindicato?), e nada menos do que criar um ministério da classe média!

O professor é radical: o sistema de mérito é ruim até para os ricos! Eles são obrigados a viver uma vida desgastante, de estudos e horas trabalhadas, para manter o status e provar que merecem a riqueza que usufruem. “Os ricos tornam-se um mecanismo de sua própria exploração” (!?), diz ele.

Segundo Merkovitz, em um daqueles raciocínios extravagantes, de quem liga o celular com luva de boxe, a meritocracia, além de tudo, é culpada pela ascensão de governos populistas, como Trump e Bolsonaro!

Ou seja, a meritocracia só traz e causa problemas. Que ninguém estude mais, se esforce no trabalho ou procure se aprimorar. O mérito é quase um defeito de caráter.

titoguarniere@hotmail.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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