Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2023
No último domingo, quando foi vítima de ofensas racistas cometidas por torcedores do Valencia no duelo contra o Real Madrid, Vinícius Júnior publicou um texto em que indicava uma possível saída do clube. Mas de acordo com o jornal espanhol As, o atacante decidiu que cumprirá o contrato com a equipe merengue, que vai até 2027.
De acordo com o jornal, Vini Jr. comunicou a decisão de permanecer diretamente ao presidente do Real Madrid, Floriano Pérez, com quem teve uma reunião na segunda-feira. Pessoas ligadas ao jogador recomendavam a saída dele para um clube de fora da Espanha, mas o brasileiro “cortou essa possibilidade pela raíz”. O jornal também afirma que Pérez demonstrou que o atacante tem o “respaldo absoluto do clube”.
As informações do As revelam que “Vini é feliz no [estádio Santiago] Bernabéu, onde se sente adorado pelos torcedores. Ele já ganhou todos os títulos possíveis e quer continuar ganhando outros aqui. Ele não planeja sair e já comunicou sua família e suas pessoas de confiança, entre eles Ancelotti. Por isso, o técnico demonstrou tranquilidade sobre isso. Vini ama o Madri, não é uma pose, é uma realidade que todos que convivem com ele podem constatar.”
Depois da reunião com Pérez, o Real Madrid publicou uma nota em que afirmava que iria procurar a Procuradoria-Geral da Espanha para tomar medidas legais contra os repetidos casos de racismo sofrido pelo jogador. A Federação de Futebol do país publicou uma decisão que anulou a expulsão do jogador, multou o Valencia em 45 mil euros (R$270 mil, na cotação atual) e determinou que o espaço da torcida que fica localizado atrás do gol, tradicionalmente ocupado por torcedores ligados ao grupo de extrema-direita Yomus, seja fechado por cinco jogos.
Protestos
Nesta quinta-feira (25), manifestantes ligados ao movimento negro se reuniram na embaixada da Espanha, em Brasília, e protestaram em apoio ao atleta do Real Madrid.
“Um jovem negro brasileiro vê sua humanidade sendo atacada ano após ano com a conivência de autoridades espanholas, que em vez de apoiá-lo e protegê-lo, o acusa de ser responsável pelos ataques que vem sofrendo nos últimos anos, como fez o presidente da La Liga (Javier Tebas). “Não podemos deixar que a narrativa anti-negra prevaleça à luta ancestral por dignidade e valorização da nossa identidade e cultura”, informou o coletivo Pelas Vidas Negras.
A manifestação aconteceu na capital federal na data em que é comemorado o dia mundial da África. A data foi escolhida em comemoração da fundação da Organização da Unidade Africana, hoje conhecida como União Africana, a 25 de Maio de 1963.
No início desta semana, outro grupo de manifestantes do movimento negro se reuniu na frente do consulado da Espanha, em São Paulo e também protestou em apoio ao atleta do Real Madrid. Em comunicado, a Uneafro, organizadora do protesto na capital paulista, foi direta ao explicar os motivos da manifestação.
“Pra quem ficou surpreso com a resposta do Javier Tebas, presidente da La Liga, que [culpou] Vini Jr. por ter sofrido racismo, é importante saber que essa não é a primeira vez que ele faz declarações absurdas como essa. Tebas é reconhecido por apoiar abertamente o Vox, partido de extrema-direita espanhol, que já se posicionou a favor da expulsão de imigrantes da Espanha e a revogação de leis em favor da comunidade LGBTIA+ e leis contra a violência machista”, publicou a Uneafro nas redes sociais explicando a razão do protesto de terça-feira. As informações são dos jornais Extra e O Estado de S. Paulo.