Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 2 de novembro de 2024
Com a falta de novas medidas no campo fiscal, o mercado vem, semana após semana, elevando suas projeções para as taxas de juros e de câmbio. Mesmo assim, a leitura é de que o Banco Central não dá sinais de que atuará para conter a piora dos ativos. Por ora, tem seguido a cartilha de que intervenções para segurar as cotações do dólar devem ser raras e ocorrer apenas em momentos de disfuncionalidade ou volatilidade excessiva.
Entre os dealers que atuam na compra e venda de moeda estrangeira, não há pedidos diretos para a entrada de recursos do Banco Central. No total, 16 bancos têm contato permanente com o BC, segundo uma lista publicada no site da autarquia. Eles costumam indicar quando há necessidade de leilões por questões técnicas. Uma “prova” de que há liquidez suficiente para os negócios, de acordo com um estrategista de mercado que trabalha para uma dessas instituições, é que o fluxo cambial estava positivo em US$ 244 milhões até o fim da última semana.
Outros operadores ouvidos sob a condição de anonimato concordam que não faria sentido uma intervenção do BC no mercado de câmbio. Argumentam que a depreciação do real tem sido puxada pelo risco fiscal, e não por um episódio de falta de liquidez. Socorrer o real agora seria até contraproducente no que diz respeito ao sinal para a necessidade de ajustes nas contas públicas, complementam esses operadores.
O motivo para a ausência de atuação vem sendo abordado pelos porta-vozes da autoridade monetária com alguma regularidade nos últimos tempos. “Deixamos a política cambial para absorver choques externos, e temos escolhido intervir no mercado muito raramente, apenas em momentos em que há disfuncionalidade ou volatilidade excessiva”, chegou a afirmar o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do BC, Paulo Picchetti, há uma semana, em uma reunião da XP com investidores, em Washington.
Uma semana antes, o diretor de Política Monetária e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, já havia afirmado que o BC estará pronto para agir quando houver necessidade, mas que, até aquele momento, não havia “nenhuma mudança do ponto de vista de institucionalidade do consumo desses dados e da lógica de atuação”.
Nesse último ciclo de comunicação, os diretores vêm repetindo que o risco fiscal adicionou prêmios às expectativas e aos preços de ativos e que, sem um choque positivo nas contas públicas, não será possível diminuir a Selic. Em evento recente, o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, reforçou que a instituição não trabalha com uma “meta” para a taxa de câmbio, mesmo que ela tenha efeito sobre a inflação.