Mesmo com a gradual retomada das atividades presenciais pós-pandemia, há empresas optando por permanecer no trabalho 100% remoto e até criando outras categorias dentro desse conceito, como “remote first” e “escritório com propósito”.
A ideia é trabalhar de qualquer lugar, inclusive viajando, e só ir ao escritório para fazer tarefas que não são possíveis a distância. Flexibilidade, produtividade e satisfação dos funcionários são alguns dos principais motivadores por trás dessa movimentação.
O modelo remote first prioriza o trabalho remoto como a principal forma de operação da empresa. Andrea Avedissian, gerente de marca da Zippi, uma fintech para microempreendedores, afirma que adota esse formato desde 2018.
“O remote first faz com que a gente possa contratar pessoas de qualquer lugar do Brasil e não necessariamente elas precisam estar trabalhando de casa. Nós incentivamos as pessoas a viajar e trabalhar de qualquer lugar”, diz. “Entendemos que os talentos estão em todos os lugares, não só do Brasil, mas também fora dele.”
Outra tendência de trabalho remoto são os escritórios com propósito, espaços físicos projetados com áreas de convivência para eventos e atividades que fortalecem a conexão entre os funcionários. As empresas que adotam o modelo deixam a critério do empregado a decisão de ir ou não ao escritório.
“Esse conceito de escritório surgiu na volta pós-pandemia, pois entendemos que muitas pessoas se mudaram para outros lugares de São Paulo e até do País. Então, não obrigamos ninguém a voltar para o escritório”, afirma Otávio Argenton, diretor-geral da SoftwareOne, empresa de consultoria em tecnologia.
“Tentamos achar um equilíbrio. É ótimo trabalhar de home office como é ótimo ter integração com os colegas. Então, temos o escritório, mas não obrigamos ninguém a ir. Para nós, não faz sentido ir presencialmente fazer o que pode ser feito em casa.”
Tanto o modelo remote first quanto os escritórios com propósito refletem a evolução do trabalho remoto e a busca por ambientes de trabalho mais adaptáveis, inclusivos e centrados no ser humano.
O modelo remoto tem sido fundamental para Pablo de Freitas Moura, head de experiência na BRQ, multinacional de serviços profissionais. Há dois anos morando em Lisboa, ele consegue equilibrar trabalho e vida no exterior. “Além de me proporcionar a flexibilidade necessária para viver no exterior, me permite gerenciar minhas responsabilidades profissionais e desfrutar de um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. É uma mudança de paradigma que me capacita a ser mais produtivo e focado em todas as áreas da minha vida.”
Produtividade
Com equipes distribuídas geograficamente, as empresas não estão mais limitadas pelo tradicional horário comercial. Os funcionários podem adaptar sua jornada de trabalho de acordo com suas necessidades.
O diretor de relacionamento da CRWE, multinacional de serviços profissionais, Sullyvan Marcolino, afirma que a empresa também adota o modelo remoto pensando na flexibilidade e produtividade dos colaboradores.
“Temos uma cidade onde o trânsito e o transporte público nos atrapalham. Então, pela qualidade de vida e flexibilidade dos nossos colaboradores, optamos por continuar nesse modelo depois da pandemia. Temos visto um ganho de produtividade”, afirma.