Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2020
Mesmo com a taxa Selic (básica de juros) no menor patamar da história, bancos públicos e privados vêm elevando as taxas de juros nos financiamentos ao setor do agronegócio em plena pandemia no Brasil.
O movimento ganhou força em meados de abril, já na reta final da safra 2019/2020, que termina no dia 30 deste mês, e já há taxas no mercado de até 10% ao ano em operações de crédito rural com juros livres. No início da temporada, em julho do ano passado, era possível captar recursos com taxa de 6,5%.
O professor de agronegócio da Universidade de São Paulo (USP) Celso Grisi, apesar de reconhecer que a liquidez está curta e que o risco para fazer aplicações na agricultura aumentou, acredita que a política agrícola precisa reconhecer que a rentabilidade dos negócios agrícolas não suportam taxas tão altas.
Pensando que a produção agrícola é a grande formadora do PIB brasileiro nesse momento, o campo precisa de taxa de juros compatíveis, explica o professor. “O Plano Safra tem que se contemplar no máximo com uma faixa de 6,5% para os grandes produtores e entre 3,5% e 4% para os menores”, afirma.
Agro on-line
O e-commerce de alimentação tem conquistado cada vez mais espaço na vida dos brasileiros nos últimos meses, tanto para quem compra quanto para quem vende. Um levantamento da OLX – maior site de classificados do País – aponta que desde o início da pandemia da Covid-19 o interesse por itens de produção rural disparou na plataforma. A categoria teve aumento de 179% na demanda, com maior procura por produtos como milho, plantas, mel, castanha e mandioca. “Durante o período de isolamento social, a venda on-line pode ser a solução para o pequeno e médio produtor rural dar continuidade aos seus negócios”, diz Andries Oudshoorn, CEO da OLX Brasil.
No site da empresa, esse movimento já está ocorrendo: o número de anúncios na categoria teve aumento de 155%. A apuração considerou a primeira semana de junho em comparação com a média das duas primeiras semanas de março, período pré-pandemia. “Por meio da OLX, percebemos que tanto os vendedores como os compradores na categoria de produção rural estão se digitalizando. Essa mudança de comportamento indica uma transformação significativa neste segmento e deve se manter após a pandemia,” afirma Oudshoorn.
Recorde
O abate de frangos no primeiro trimestre de 2020 totalizou 1,51 bilhão de cabeças, maior volume registrado desde 1987, início da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado ficou 5,0% acima do mesmo período de 2019 e 2,8% acima do trimestre imediatamente anterior.
O abate de 72,44 milhões de cabeças de frangos a mais nos primeiros três meses de 2020, em relação a igual período do ano anterior, foi determinado por aumento no abate em 17 das 25 Unidades da Federação que participaram da pesquisa.
Entre aquelas com participação acima de 1,0%, ocorreram aumentos no Paraná (+38,31 milhões de cabeças), Rio Grande do Sul (+10,02 milhões de cabeças) e São Paulo (+8,67 milhões de cabeças). Santa Catarina (+8,38 milhões de cabeças), Minas Gerais (+7,43 milhões de cabeças), Mato Grosso do Sul (+5,40 milhões de cabeças) e Bahia (+3,12 milhões de cabeças) também registraram expansão.
Goiás (-4,15 milhões de cabeças) e Mato Grosso (-2,47 milhões de cabeças) seguiram no sentido oposto no grupo dos estados com mais de 1% de participação. No ranking dos estados, o Paraná continua como líder em abate de frangos, com 33,5% da participação nacional, seguido por Rio Grande Sul (14,0%) e Santa Catarina (13,9%).