Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2019
Visitada última semana pelo presidente Jair Bolsonaro, a Argentina vive, há tempos, um cenário econômico desalentador. A despeito do cenário de crises econômicas ainda mais profundas que as brasileiras, o país vizinho permanece à frente do Brasil em muitos (embora não todos) indicadores sociais importantes, em áreas como desenvolvimento humano, educação e saúde. As informações são da BBC e portal G1.
A inflação foi de 47% no ano passado, corroendo o poder de compra da população e favorecendo a entrada de 2,7 milhões de pessoas a mais na linha de pobreza. O dólar, que tem forte impacto no dia a dia da economia argentina, valorizou-se 13% sobre o peso apenas no primeiro trimestre deste ano.
E os argentinos ainda têm na memória a crise aguda de 2001, a pior de sua história, quando um congelamento bancário de bilhões de dólares (o “corralito”) gerou corrida aos bancos, rebeliões populares e conflitos que deixaram dezenas de mortos.
Diferença social
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), calculado pela ONU a partir de um conjunto de indicadores socioeconômicos, foi de 0,825 na Argentina em 2018, contra 0,759 no Brasil (quanto mais perto de 1 o IDH, melhor é o desenvolvimento do país).
Segundo os parâmetros do Banco Mundial, 0,4% da população argentina vivia com até US$ 1,90 por dia em 2017. No Brasil, esse índice era de 4,8%.
A expectativa de vida de um argentino ao nascer é de 76,7 anos, um ano a mais do que a dos brasileiros.
Para Marcio Bobik, professor de economia latino-americana na Faculdade de Economia e Administração da USP em Ribeirão Preto (SP), trata-se mais de um grande fracasso brasileiro do que de um êxito argentino.
“A Argentina, a despeito de suas crises, de fato tem indicadores de saúde, educação e distribuição de renda bem melhores, embora eles tenham se reduzido por causa da crise permanente. Mas é porque os indicadores do Brasil são muito ruins”, afirma à BBC News Brasil.
“O Brasil tem um PIB maior e uma economia muito mais diversificada, mas índices muito ruins de pobreza e uma das piores distribuições de renda do planeta, o que reflete em seu IDH.”
Ele lembra, por exemplo, que o PIB per capita argentino é bem maior do que o brasileiro: o equivalente a US$ 14.402 (cerca de R$ 55,6 mil) em 2017, em comparação com US$ 9.821 (quase R$ 40 mil) no Brasil.
“Mesmo aos trancos e barrancos, a distribuição de renda argentina se manteve melhor que a nossa ao longo do tempo”, diz Bobik.
Segundo os parâmetros do Banco Mundial, 0,4% da população argentina vivia com até US$ 1,90 por dia em 2017. No Brasil, esse índice era de 4,8%.
A expectativa de vida de um argentino ao nascer é de 76,7 anos, um ano a mais do que a dos brasileiros.
Para Marcio Bobik, professor de economia latino-americana na Faculdade de Economia e Administração da USP em Ribeirão Preto (SP), trata-se mais de um grande fracasso brasileiro do que de um êxito argentino.
“O Brasil tem um PIB maior e uma economia muito mais diversificada, mas índices muito ruins de pobreza e uma das piores distribuições de renda do planeta, o que reflete em seu IDH.”
Ele lembra, por exemplo, que o PIB per capita argentino é bem maior do que o brasileiro: o equivalente a US$ 14.402 (cerca de R$ 55,6 mil) em 2017, em comparação com US$ 9.821 (quase R$ 40 mil) no Brasil.
“Mesmo aos trancos e barrancos, a distribuição de renda argentina se manteve melhor que a nossa ao longo do tempo”, diz Bobik.
Saúde
O Brasil ainda lida com as dificuldades decorrentes de seu tamanho continental (e discrepâncias regionais), além de seu passado escravocrata, que geraram enormes disparidades sociais e de renda.
A taxa de mortalidade infantil dos vizinhos é de 9,9 bebês a cada mil nascidos vivos, contra 13,5 entre bebês brasileiros, segundo o Pnud (Programa da ONU para o desenvolvimento).
Quase 95% da população argentina têm acesso à rede sanitária, índice parecido na área urbana e na rural. No Brasil, o índice geral é 86%, que cai para 58% na área rural (dados de 2015 da OMS e da Unicef). Menos da metade do esgoto brasileiro é tratado.
A densidade de médicos por 10 mil habitantes é extremamente alta na Argentina: 39,6 em 2017, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, é de 21,5, segundo dados de 2018.
Educação
A Argentina tem praticamente toda a sua população acima de 15 anos alfabetizada, índice que é de 93% no Brasil – o que resulta, aqui, em mais de 11 milhões de jovens e adultos analfabetos. E nossos vizinhos já nascem com a probabilidade de ter dois anos a mais de estudos: enquanto a expectativa de escolaridade média brasileira é de 15,4 anos, lá é de 17,4.