Terça-feira, 12 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2024
O ex-secretário de Estado dos Estados Unidos John Kerry avalia que o presidente eleito, Donald Trump, não tem o poder de tirar dos trilhos os esforços globais na agenda climática. Kerry, que foi enviado especial para o clima durante parte da gestão de Joe Biden (2021-2024), acredita na autonomia dos entes federados para cumprir os compromissos assumidos pelo país.
“Uma pessoa, um homem, nem mesmo o poderoso presidente dos Estados Unidos, pode desviar os esforços de 200 nações ao redor do mundo. Estou convencido disso porque eu vi o que aconteceu na primeira administração do presidente Trump, quando ele saiu do Acordo de Paris”, disse Kerry em participação virtual na 2ª Conferência Internacional de Economias da Amazônia, em Belém do Pará.
Após a vitória de Trump sobre a democrata Kamala Harris ser confirmada, na última quarta (6), cresceram as preocupações com os impactos ambientais que o provável afrouxamento de ações climáticas dos EUA pode causar em escala global – sobretudo por ser a nação mais rica do mundo e o segundo maior emissor de gases poluentes. Paira ainda o receio de que haja influência americana sobre outros países e que as negociações climáticas no âmbito da ONU percam força.
Quando foi eleito pela primeira vez, Trump anunciou, em 2017, que sairia do Acordo de Paris, firmado em 2015 por 195 países para frear o aquecimento global e seus impactos. Na corrida eleitoral deste ano contra Kamala, ele voltou a ameaçar a saída do tratado e até da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
Kerry lembrou que, no passado, vários Estados americanos continuaram ativos, tanto do partido republicano, quanto do partido democrata, com seus mandatos, leis e questões jurídicas: “A população americana ficou. Nós esperamos que os EUA como uma nação continue com os compromissos já assumidos frente à comunidade internacional para que possamos resolver a questão da mudança climática”.
O ex-secretário de Estado americano completou que os países ao redor do mundo também mantiveram seus compromissos. “A minha primeira esperança é que Trump não se afaste [do acordo], mas se acontecer, sabemos que ele não vai ter o poder de causar uma disrupção”, declarou.