Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2022
Mesmo sem um calendário oficial de blocos e com os desfiles na Marquês de Sapucaí adiados para abril, quem circula pelas ruas da Zona Sul do Rio de Janeiro percebeu nos últimos dias a presença de turistas que foram curtir o “semicarnaval”. No forte calor de sexta-feira (25), que chegou aos 32 graus segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), muitos já aproveitaram as praias. O clima que deve continuar assim até a Quarta-Feira de Cinzas.
Com as festas particulares permitidas e quase nenhuma regra de distanciamento social em vigor, a cidade deve receber neste carnaval mais turistas do que no ano passado, quando o momento da pandemia não permitia qualquer tipo de festejo em grupo. Empresários do setor de hospedagens estimam que vão atingir 85% de ocupação dos quartos, acima dos 80% de 2021. Já o setor de bares e restaurantes calcula um faturamento quase 50% superior ao do carnaval passado.
Vindos de Brasília, hospedados no Leme, os amigos Leonardo Bigolin e Simone Barros pegaram o avião rumo ao Rio na quarta-feira e voltam para a capital do país no dia 4.
“Ainda temos as festas privadas e a praia. Já viemos para o Rio várias vezes, sempre tem coisa boa para fazer”, disse Leonardo, apoiado por Simone, que resumiu: “Praia de dia e festas à noite.”
Apesar de os sindicatos dos Meios de Hospedagem do Município (Hotel Rio) e dos bares e restaurantes (SindRio) esperarem um resultado melhor do que o do ano passado, os números não atingem ainda os de 2020, último carnaval sem Covid-19. Até a última quinta-feira, 78% dos quartos já estavam reservados para o período de 26 a 28 de fevereiro. No réveillon, a ocupação atingiu 96%, taxa que costuma ser alcançada nos carnavais sem pandemia.
O presidente do Hotéis Rio, Alfredo Lopes, está otimista e acredita que os números ainda vão aumentar. “A expectativa é que, mesmo com o adiamento dos desfiles e a suspensão dos blocos de rua, a ocupação no feriado momesco chegue a 85%, pois ainda há muitas reservas chegando”, afirma.
O perfil dos visitantes ainda é o mesmo do ano passado, na grande maioria de dentro do país. O total de passageiros que vão passar pela Rodoviária do Rio durante esse período de carnaval corresponde a 70% do que foi registrado em 2020. Serão 362 mil, 120 mil a mais do que no ano passado. Em 2021, ano em que o carnaval foi cancelado, o movimento no terminal ficou em torno de 240 mil passageiros.
Luiz Strauss, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio de Janeiro, diz que, em tempos pré-pandêmicos, 25% dos visitantes eram estrangeiros. A redução deles está na casa dos 80%, calcula: “Os turistas estrangeiros sofreram um pouco com restrições por causa da Covid e teve ainda o adiamento dos desfiles das escolas de samba. Eles gostam muito (dos desfiles). Muitos viajam só para isso.”
A falta do carnaval oficial não fez o argentino Leonardo Andrés desistir. Os termômetros marcavam 30 graus na orla de Copacabana, na tarde de sábado, enquanto ele tomava seu chimarrão olhando o mar. É sua segunda vez na cidade.
“Tudo é muito agradável, as pessoas simpáticas, lindas praças, lindas mulheres, linda música. Quero ver alguns lugares que não conheci da última vez, como a Floresta da Tijuca. Também estou aproveitando a Lapa e vou a uma festa num barco e outras baladas nesta semana. Só faltou o Sambódromo”, enumerou o animado morador de Santa Fé.
R$ 5,4 bilhões
O pesquisador Claudio Considera, do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, estima que a suspensão dos blocos de rua e, sobretudo, o adiamento dos desfiles das escolas de samba para o feriado de Tiradentes devem tirar até 13% dos possíveis ganhos do Rio durante o carnaval. De acordo com os cálculos do Ibre/FGV, a folia poderia gerar até R$ 5,4 bilhões para a cidade, sendo R$ 4,4 bilhões gastos por turistas e o restante pelos cariocas. Do valor deixado pelos visitantes, R$ 700 milhões, ou 13%, seriam de estrangeiros..
“O adiamento dos desfiles vai fazer muita diferença nos ganhos. Os estrangeiros costumam gastar mais.”