Presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP) diz que a tendência do partido é apoiar um nome de centro-direita à Presidência em 2026, mesmo com um assento na Esplanada dos Ministérios. O parlamentar avalia, porém, que é cedo para uma decisão.
Pereira faz ainda uma análise sobre o momento da gestão de Luiz Inácio Lula Silva, com a queda de popularidade: “O governo está um pouco sem rumo, sem direção”, afirmou ele em entrevista ao jornal O Globo. A sigla abriga Hugo Motta (Republicanos), o favorito na disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Segundo o presidente da sigla, a troca de comando deve tornar a relação entre os Poderes mais “harmoniosa”. Leia abaixo alguns trechos da entrevista.
– Lula disse que 2026 já começou. O Republicanos estará com ele na próxima eleição? “Eu só debato 2026 em 2026. Não posso dizer se estaremos com o Lula, quem dirá é a Executiva do partido. A tendência do partido é caminhar com alguém de centro-direita nas eleições presidenciais, mas não podemos cravar agora. Podemos ir para cá ou para lá. Vamos decidir à frente.”
– Em 2023, sem ministérios e mais distante do governo, o senhor disse ao jornal O Globo que o Republicanos é um partido “conservador”. Hoje, o senhor mantém essa avaliação? “Está escrito no manifesto político do Republicanos, eu não posso retirar isto para agradar ninguém. Somos conservadores, sim.”
– Lula tem a reprovação mais alta que a aprovação pela primeira vez no terceiro mandato. O que explica isso? “Eu acho que o governo está um pouco sem rumo, sem direção. Falta entrosamento interno. Os ministros se contradizem, portarias são revogadas. É preciso haver mais pragmatismo.”
– Candidato do seu partido à presidência da Câmara, Hugo Motta promete bom diálogo com o Planalto. O principal nome para substituir Bolsonaro nas eleições presidenciais, porém, é Tarcísio, do Republicanos. Como se equilibrar diante da polarização? “Essa é a arte da política. Eu não vejo o Tarcísio como principal nome do Bolsonaro, já que ele segue se colocando como candidato e confiando na elegibilidade.”
– O senhor ainda conta com uma migração do Tarcísio para o PL de Bolsonaro até 2026? “Tarcísio sempre me disse que seguiria no Republicanos. É um homem de palavra, vou confiar nele.”
– Qual tamanho o Republicanos deve ter em caso de reforma ministerial? “O partido não foi chamado para debater ampliação de espaços e eu não discuti os espaços com os líderes partidários. É melhor esperar o governo apresentar espaços e avaliaremos.”
– Como o senhor avalia o favoritismo de Hugo Motta? É uma consolidação do Centrão na liderança do Congresso? “É uma consolidação do equilíbrio, do diálogo. Este é o perfil dele e do Republicanos. O centro debate tudo, não tem preconceitos. Não por acaso está neste lugar.”
– A presidência de Hugo Motta vai representar um caminho mais tranquilo ou mais tortuoso para o governo no Congresso? “Hugo precisa ser independente, mas, harmônico. Na medida do possível, ele deve ser mais harmonioso com o Planalto, sim, pela boa relação que mantém com o Alexandre Padilha (ministro de Relações Institucionais). O Arthur Lira, declaradamente, não conseguia lidar bem com o principal articulador do governo, eram desafetos. É de se esperar que as coisas melhorem.”
– A possível entrada de Arthur Lira na Esplanada pode ajudar o governo no Congresso? “Se ele aceitar um eventual convite terá apoio meu e do Republicanos. Isso ajudaria na articulação com o Congresso, é claro. Lira tem experiência, conhece a Casa como poucos, e é grande amigo do Hugo Motta. Seria bom para todos.” As informações são do jornal O Globo.