Cerca de 5 milhões de torcedores tomaram as ruas de Buenos Aires nesta terça-feira (20) para receber os jogadores da seleção argentina (o movimento foi chamado pelos compatriotas de “a maior arquibancada do mundo”), que no último domingo conquistaram o tricampeonato mundial de futebol após vitória sobre a França na disputa de pênaltis.
Liderados por Lionel Messi, os atletas desfilaram em um ônibus aberto com a taça da Copa do Mundo. O carro aberto precisou mudar a rota inicial e as visitas ao Obelisco, monumento histórico da capital do país, e a Casa Rosada, sede do governo, foram canceladas devido à loucura nas ruas. Havia um “mar de gente”. Os tricampeões precisaram ser retirados do meio da multidão em helicópteros da polícia.
A bordo de um Airbus A330-200, a delegação da Argentina deixou Doha, no Catar, ainda na madrugada de domingo. Após uma escala em Roma, na Itália, a aeronave da Aerolíneas Argentinas, que tinha a inscrição “Uma equipe, um país, um sonho”, seguiu rumo a Buenos Aires, onde pousou no aeroporto internacional de Ezeiza por volta das 2h40 da madrugada de terça – o site Flight Radar, que segue online a rota de aviões por todo o mundo, teve mais de 25 mil acessos simultâneos de interessados no deslocamento dos tricampeões.
Eleito pela segunda vez como o melhor jogador de uma Copa do Mundo, Messi desceu do avião carregando o troféu e ao lado do técnico Lionel Scaloni. A ideia da AFA (Associação de Futebol da Argentina) era ir até o Centro de Treinamento da seleção, próximo ao aeroporto rapidamente, mas a multidão que aguardava a delegação impediu o deslocamento mais rápido.
Os jogadores partiram em ônibus aberto para um rápido descanso, já que nas primeiras horas da manhã eles partiriam para um novo percurso. A previsão inicial era que o destino final do ônibus com a delegação argentina fosse o Obelisco, mas a rota foi alterada devido ao fluxo de pessoas que superou as expectativas iniciais.
A quantidade de torcedores, milhares ao redor da praça, fez com que o ônibus mudasse o caminho e não passasse pela Avenida 9 de Julho. Estavam sendo esperados 1 milhão de pessoas, mas cerca de cinco milhões de argentinos (10% da população do país) foram às ruas – desde as primeiras horas do dia, os argentinos rumaram para o Obelisco. Foi decretado feriado.
De cima do carro aberto, os jogadores celebraram e muito a conquista. O goleiro Emiliano ‘Dibu’ Martinez brincou com o atacante francês Mbappé – ele pegou uma máscara com o rosto do francês chorando e a vestiu. Messi, sempre segurando a taça, acenava para todos os lados. Scaloni recebeu de Julian Alvarez um chapéu do River Plate e Alejandro ‘Pupu’ Gomez atirava notas de 100 pesos aos torcedores.
“Cinco milhões de pessoas. Não tentem nos entender. Somos diferentes. Não busquem dinheiro. Não busquem glórias. Sejam campeões do mundo e as pessoas vão recordar de você e vão te agradecer por toda a vida”, escreveu o volante De Paul em suas redes sociais em meio ao trajeto.
Durante o deslocamento do ônibus, enquanto os atletas estavam em meio à multidão, dois torcedores se jogaram de um viaduto para cair dentro do veículo. Um torcedor conseguiu. O outro não. Acabou se ferindo na queda porque caiu na rua. O jornal Clarín informou por volta das 17h que oito torcedores se machucaram em meio à comemoração. Mesmo sem os jogadores, os torcedores não arredaram pé do Obelisco.
Com dois torcedores arriscando a vida para ver de perto os jogadores, as forças de segurança do país ordenaram a mudança de planos. Os jogadores foram levados até o Parque Roca e de lá foram levados por helicópteros da polícia para o CT da seleção argentina, em Ezeiza.
Porta-voz do governo argentino, Gabriela Cerruti também foi às redes sociais explicar a decisão de retirar os jogadores por helicópteros. Havia risco. “Os campeões mundiais estão sobrevoando todo o percurso em helicópteros porque ficou impossível continuar em terra devido à explosão de alegria popular. Vamos continuar celebrando em paz e demonstrando a eles nosso amor e admiração!”
De fato, não havia como o ônibus com os jogadores se deslocarem em meio às pessoas. Em nenhum momento, no entanto, os jogadores se recusaram a comemorar com o público, tampouco pareciam incomodados com a situação. Todos estavam muito alegres com a festa e, claro, com a conquista.
Pouco depois das 18h30min, a AFA publicou em seu twitter que a delegação já havia deixado o CT de Ezeiza e partido para suas residências, sem especificar quem iria para onde. “O plantel da Argentina já deixou o CT de Ezeiza. Obrigado a todos. Um sonho que virou realidade. Isto é de todas e de todos os argentinos. Vocês nos fizeram muito felizes com o seu apoio e carinho.”
Messi e Di María já chegaram em Rosario, cidade natal dos experientes atacantes. Segundo a emissora argentina TyC, eles foram levados de helicóptero para o Aeroporto Fisherton e voltaram para suas residências. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.