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Notícias Meta vai ampliar posts políticos no Brasil já nos próximos dias. Para analistas, medida e novas regras de moderação no Facebook e Instagram podem ampliar desinformação

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Decisão mostra alinhamento com o futuro governo de Donald Trump. (foto: reprodução)

A virada de chave da Meta anunciada esta semana, com novas regras para moderação de conteúdo e discurso de ódio, terá como efeito também a exibição de mais publicações sobre política para usuários do Facebook, Instagram e Threads.

Diferentemente da decisão de acabar com os checadores, que vale nos Estados Unidos, mas não tem data para chegar a outros países, a reintrodução do protagonismo da política nas redes é global. Nos EUA, a alteração já está em vigor. A expansão para outros países, inclusive o Brasil, será feita nas próximas semanas.

A diferença será percebida nas três redes sociais da empresa e dependerá do nível de engajamento que cada usuário tem com o tema. Uma das principais mudanças é que os algoritmos da Meta vão recomendar postagens políticas mesmo de contas que os usuários não seguem, como a empresa já faz com outros temas.

Dono das plataformas, Mark Zuckerberg justificou que os usuários voltaram a pedir por mais conteúdo político. O revés acontece depois de anos em que a gigante das redes sociais vinha tomando o caminho oposto, limitando a exibição de publicações que chama de “conteúdo cívico”.

Em todas as redes, o usuário poderá escolher entre três níveis de exposição à política: optar pelo modo padrão, por ver mais desse tipo de publicação, ou por ver menos. Hoje, já é possível optar por ver menos ou mais postagens sobre o tema.

Recuo de estratégia

Professor de direito eleitoral e direito digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Diogo Rais diz que a reintrodução da recomendação da política aliada ao enfraquecimento do combate à desinformação marca uma guinada da empresa contra o próprio movimento que vinha tomando nos últimos anos, desde a primeira eleição de Donald Trump nos EUA, em 2016.

O impacto de qualquer alteração feita pela Meta tem escala superlativa. A empresa não divulga oficialmente quantos usuários usam suas plataformas em cada país, mas informa que globalmente existem 3,29 bilhões de pessoas ativas diariamente (contando todas as plataformas), mais de um terço da população global. Em todas as pesquisas que buscam quantificar os usuários da empresa por país, o Brasil aparece no topo do ranking em número de usuários.

Para Rais, um dos efeitos colaterais prováveis da volta da recomendação algorítmica da política com menos salvaguardas contra a desinformação é o “reforço das bolhas digitais no campo político”.

O atual revés, com alerta de riscos para aumento da desinformação, vem mesmo após um histórico de escândalos envolvendo a Meta. De todas as ocasiões em que Zuckerberg precisou pedir “desculpas” publicamente, o escândalo da Cambridge Analytica foi um dos mais emblemáticos, com o vazamento de dados de milhões de usuários para o direcionamento de campanhas políticas. No mesmo ano, 2018, a empresa reconheceu falhas no combate ao discurso de ódio em Mianmar, que teriam contribuído para a perseguição e o genocídio da minoria muçulmana Rohingya.

Virada cultural

Em 2021, a empresa iniciou testes para reduzir a distribuição de conteúdo político para todos os usuários de suas plataformas, a começar pelo Canadá, Brasil e EUA. A implementação global das restrições veio no ano seguinte. No ano passado, a empresa introduziu a configuração para ajuste de exibição de política e no mesmo ano deixou claro que publicações desse tema não seriam recomendadas (ou seja, impulsionadas pelos algoritmos tal qual outros temas). Ao explicar porque iria mudar agora, Zuckerberg citou que as eleições americanas marcaram, segundo ele, “um ponto de virada cultural” para priorizar a liberdade de expressão.

Os pesquisadores ressaltam que a guinada de Zuckerberg é um alerta para como a nova dinâmica de suas plataformas pode influenciar o debate político no Brasil em um período pré-eleitoral, em que o País não avançou com a regulação das redes. Grohmann ressalta que a virada de chave expôs que as tecnologias não são neutras. No caso da Meta, a posição de alinhamento com o Trump ficou clara esta semana, assim como já era a do X, o que influencia na própria arquitetura de seus sistemas. Para ele, a guinada impõe um desafio para a esquerda, por ter de lidar com uma direita que “tem a lógica dessas plataformas a favor delas”.

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