Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2017
O horário de verão começou neste domingo (15) em dez estados e no Distrito Federal. Pela primeira vez, foram pesquisados os efeitos da mudança do relógio na saúde dos brasileiros: metade da população se sente mal no horário de verão. Desses 50%, 25% se ajusta em mais ou menos um mês. Depois de um mês, ela começa a se sentir bem. Mas os outros 25% não se ajustam durante todo o horário de verão.
Relógio interno
Cada pessoa tem um relógio interno que regula nossa fisiologia. E o relógio interno de cada pessoa é único, individual e tem sua própria noção de tempo.
Isso significa que algumas pessoas acordam espontaneamente cedo pela manhã, horário em que estão mais ligadas no mundo, e outras odeiam acordar cedo, ficam com sono a manhã inteira, e “despertam” mais tarde. Preferem trabalhar ou estudar à noite, pois rendem muito mais. Estas pessoas sofrem, pois são obrigadas a contrariar o próprio relógio e forçar a fisiologia do organismo a funcionar contra si em um mundo que geralmente começa às oito horas da manhã (ou antes) e termina às seis da tarde.
Este ciclo de sono e vigília, individual e único para cada pessoa, se chama ciclo circadiano. Há poucas semanas três pesquisadores americanos – Michael Robash, Jeffrey Hall e Michael Young – que identificaram os genes responsáveis pela regulação molecular do ciclo circadiano ganharam o Prêmio Nobel de Medicina, tão importantes suas descobertas nesta área.
Estes genes controlam nossos mecanismos fisiológicos – hormônios e mediadores – que nos fazem estar mais ou menos “ligados” ou “desligados” em determinadas horas do dia. E esse relógio interno, que nos liga ou desliga, funciona cotidianamente, da mesma forma, única e geneticamente determinada para cada um de nós.
Quando viajamos para outros países, com diferentes fusos horários, nosso relógio interno se desregula. Resultado: ficamos mais cansados e com uma sensação orgânica de desconforto.
E muitos demoram, inclusive, para se acostumar com o horário de verão, que altera em apenas uma hora nosso ciclo circadiano.
Onde vale
O ajuste vale para as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e vigora até 18 de fevereiro do ano que vem.
Com isso, o horário no leste do Amazonas e nos estados de Roraima e Rondônia fica duas horas atrasado em relação à Brasília, enquanto oeste do Amazonas e Acre ficam três horas atrás.
Economia de energia
O horário de verão foi instituído com o objetivo economizar energia no País em função do maior aproveitamento do período de luz solar.
A medida foi utilizada pela primeira vez em 1931 e depois em outros anos, sem regularidade. Em 2008, ganhou caráter permanente e passou a vigorar do terceiro domingo de outubro até o terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte.
Fim do horário?
O governo federal chegou a avaliar o fim do horário de verão neste ano, depois que um estudo do Ministério de Minas e Energia indicou que o programa vem perdendo efetividade.
A análise mostrou que a intensidade de consumo de energia elétrica estava mais ligada à temperatura do que ao horário, com picos nas horas mais quentes do dia.
Porém, o Brasil enfrenta um período de estiagem, com hidrelétricas com níveis de água reduzidos, o que vem obrigando o governo a ligar as termelétricas (de operação mais cara) e até mesmo a importar energia de outros países.
Nesse cenário, qualquer economia de eletricidade é bem-vinda. Por isso, o governo decidiu manter o horário de verão em 2017. Para 2018, o assunto ainda será analisado.