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Por Redação O Sul | 18 de julho de 2015
Em 2011, Karla da Silva Peixoto Toledo, 38 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Pior do que isso: ela estava na etapa mais evoluída da doença – a metastática, quando o tumor já começa a atingir os ossos.
Fora da idade de risco, considerada a partir dos 40 anos, e sem histórico da doença na família, Karla não desconfiou que o caroço na axila pudesse ser um tumor.
“Só procurei um médico mais de seis meses depois. O diagnóstico veio tarde e com ele a notícia que precisaria tirar a mama esquerda”, contou. Quatro anos depois, ela continua com as sessões de quimioterapia.
“O câncer no jovem é mais grave e evolui de forma rápida, por isso, a mulher tem de conhecer o seu corpo”, explica o mastologista Adalgir D’Alessandro, do IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer).
Assim como Karla, metade dos pacientes com câncer descobre a doença em fase avançada, segundo levantamento da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama).
Dados da Europa.
“No Brasil, de 40% a 50% dos pacientes do sistema público são diagnosticados com o câncer localmente avançado ou bastante expandido [quando o tumor já atingiu outros órgãos]”, disse o oncologista Rafael Kaliks, que usou estatísticas europeias para mostrar o atraso do Brasil no diagnóstico, principalmente por parte de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).“Na Europa, apenas de 5% a 10% dos pacientes são diagnosticados com o câncer avançado. A rede privada no Brasil tem índices semelhantes aos dados europeus”, afirmou o médico, que culpa o acesso difícil à mamografia na rede pública.
A pesquisa da Femama, que ouviu 2.907 pessoas em 174 municípios brasileiros, apontou que 15% das mulheres, entre 40 e 69 anos, nunca fizeram uma mamografia na vida. (DSP)