Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2025
Metade do primeiro escalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja disputar as eleições de 2026. Dos 38 ministros, ao menos 19 já se preparam para a corrida eleitoral, segundo levantamento com base em declarações dos próprios titulares das pastas e consultas a líderes partidários.
Caso confirmem suas candidaturas, todos deverão deixar seus cargos até o início de abril do próximo ano, respeitando o prazo de desincompatibilização, que exige o afastamento de ocupantes de cargos do Executivo ao menos seis meses antes do pleito.
A saída de ministros para concorrer a eleições não é novidade. No governo de Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, 10 titulares deixaram seus cargos para disputar mandatos, o equivalente a 43,5% do primeiro escalão. Entre eles estavam Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).
A saída de ministros do governo Bolsonaro para disputar as eleições representou o maior esvaziamento da Esplanada por desincompatibilização em quase 25 anos. Lula, no entanto, pode superar esse recorde, impulsionado pela forte presença de parlamentares no primeiro escalão, muitos dos quais devem buscar a reeleição.
As trocas ministeriais vão mudar significativamente a cara do governo. A tendência, de acordo com auxiliares do presidente, é que secretários-executivos assumam as pastas para garantir a continuidade das políticas públicas nos oito meses restantes de mandato.
Mas o impacto da dinâmica eleitoral pode vir até antes. Aliados do presidente esperam que a disputa influencie as mudanças ministeriais ainda previstas para este ano. Caso Lula faça novas trocas, a tendência é escolher nomes que permaneçam no governo até o fim do mandato, sem planos de disputar a eleição, diz o senador Humberto Costa (PT-PE), que assumiu mandato-tampão na presidência do PT como interino no lugar de Gleisi Hoffmann, nomeada para a Secretaria de Relações Institucionais.
Ministros miram Câmara e Senado
A maioria dos integrantes do primeiro escalão deve buscar uma vaga na Câmara ou no Senado. O Senado é visto como um importante campo de batalha para Lula na próxima eleição. Como mostrou o Estadão, a esquerda se movimenta para não amargar um novo fracasso em 2026, mas carece de nomes competitivos para a disputa. A direita, por outro lado, lida com um congestionamento de candidatos nos principais Estados do País.
“Nossa prioridade na próxima eleição é, primeiro, a reeleição do presidente Lula e, em seguida, a disputa pelo Senado”, disse Humberto Costa ao Estadão. “O mais importante não vai ser ter candidatos do PT. Lógico, queremos ampliar nossa bancada. Mas, por outro lado, o que vamos buscar é ter uma base de senadores do governo. Em alguns lugares, o PT pode abrir mão de ter candidatura ao Senado. Tem vários Estados, especialmente no Norte, que não temos muitos quadros para fazer essa disputa”, acrescenta ele.
Apenas dois ministros, até o momento, demonstram interesse mais sólido em disputar governos estaduais. Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo, é um deles, e trabalha para ser o nome de Lula na disputa pelo governo de São Paulo. A decisão, no entanto, dependerá do presidente. Uma possibilidade aventada por aliados é que Lula prefira lançar seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), que já governou o Estado quatro vezes. Nesse caso, França concorreria ao Senado. Alckmin, no entanto, resiste à ideia e sinaliza que pretende continuar como vice em uma eventual campanha do petista à reeleição.
Outro cotado para disputar um governo estadual é Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes. Embora tenha mandato de senador até 2030, ele deve concorrer ao governo de Alagoas para manter o poder do MDB no Estado e, ao mesmo tempo, fortalecer a reeleição de seu pai, Renan Calheiros (MDB), ao Senado.
Nos bastidores, Renan Filho também se movimenta para alçar voos maiores e se posicionar como possível vice na chapa de Lula. O MDB é considerado um aliado fundamental no projeto de reeleição do petista, e outros dois nomes do partido são citados para a vaga: o governador do Pará, Helder Barbalho, hoje o favorito da sigla para pleitear a posição, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Tebet, no entanto, é apontada como a opção menos provável e deve disputar uma vaga no Senado pelo Mato Grosso do Sul.
Entre os ministros cotados para disputar o Senado está Rui Costa (PT), chefe da Casa Civil, que já declarou publicamente interesse na vaga. No último levantamento do instituto Paraná Pesquisas, do mês de março, ele lidera a pesquisa estimulada com 43,8% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece outro petista, o senador Jaques Wagner, com 34%. O instituto ouviu 1.640 eleitores em 65 municípios. A margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. As informações são do Estadão.