Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2017
O número de mortos devido ao terremoto de 19 de setembro na região central do México subiu para 360, após as equipes de resgate retirarem os corpos de duas pessoas que permaneciam entre os escombros de um edifício da Cidade do México. Ao atualizar o número de vítimas atingidas pelo tremor de magnitude 7,1 na escala Richter, o coordenador nacional de Proteção Civil, Luis Felipe Puente, apontou que só na capital são 219 mortos.
Além disso, 74 pessoas morreram no Estado de Morelos, 45 em Puebla, 15 no Estado do México, seis em Guerrero e uma em Oaxaca, indicou Puente em sua conta no Twitter. Nesta madrugada, os socorristas que trabalham em um edifício que desabou no centro da capital retiraram os corpos de duas pessoas, um homem e uma mulher.
Nesse prédio, de seis andares, já foram recuperados 40 corpos, de 24 homens e 16 mulheres, disse a um grupo de jornalistas o representante do governo da Cidade do México, Valentín Oñate, que indicou que duas destas pessoas que ainda não foram identificadas.
Por outro lado, o chefe de governo da capital, Miguel Ángel Mancera, informou em entrevista coletiva que 25 feridos continuam hospitalizados, quatro deles em estado grave, enquanto cinco pessoas receberam alta nas últimas horas.
Socorrista
Debaixo dos escombros, no pequeno túnel que cavava para buscar pessoas soterradas, o mexicano Javier Serrano Olivera escutou um forte barulho. Eram golpes de marreta que ouvia e sentia por cima da montanha de terra e de pedaços de concreto que se tornou uma fábrica de tecido de quatro andares.
Horas antes, um terremoto de magnitude 7,1 havia sacudido a Cidade do México e provocado a maior tragédia na capital do país em 32 anos. Era noite do dia 19 de setembro. Olivera quis voltar à superfície, mas o túnel estava bloqueado. A bateria de sua lanterna acabou. E, na escuridão, tentou buscar outra saída.
“Comecei a cavar e cavar por onde podia, mas o oxigênio estava acabando. Fiquei sufocado”, diz. “Vi a luz de uma lanterna e gritei: me tirem daqui!”, acrescenta. Em seguida, vieram médicos e enfermeiras de um hospital da região central da cidade, para onde acabou levado após ser resgatado.
Pura coincidência. Em 19 de setembro de 1985, Olivera perdeu alguns dentes quando tropeçou enquanto resgatava corpos de um restaurante atingido pelo terremoto que ocorreu naquele dia.
E agora, exatamente 32 anos depois, quase perdeu a vida quando decidiu retirar dos escombros os sobreviventes de um novo tremor devastador. Javier Serrano Olivera é um dos mexicanos que resgataram pessoas nos dois terremotos mais intensos da história recente do país.
E, em ambos os casos, a tragédia ocorreu perto de sua casa, no centro da Cidade do México. O socorrista civil, como prefere ser chamado, já resgatou muitas pessoas. “Não me lembro de quantos, mas eram muitos. Alguns foram levados para uma vala comum”, diz.
O número de vítimas no restaurante não é conhecido, mas ali trabalhavam cerca de 100 funcionários, que atendiam mais de 1 mil clientes todas as manhãs. Depois do terremoto de 1985, Olivera passou a fazer parte do coletivo Topos Azteca, que apoia o resgate de soterrados durante catástrofes naturais em diferentes países do mundo.