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Michel Temer conversou com o ministro Augusto Nardes

Natural de Santo Ângelo, Nardes já foi vereador e deputado. (Foto: Roberto Revoredo/Divulgação)

“Conversei com o presidente Michel Temer na semana passada, e fiz a ele algumas observações sobre algumas dificuldades que o País precisa enfrentar, a necessidade de adotar práticas para uma boa governança”, revela o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes, que conversou com o colunista.

Nardes descarta qualquer possibilidade de aceitar convites para atuar no Executivo o ou no setor privado. Ainda dispõe de pelo menos mais dez anos na vaga de ministro. Ele esteve no Rio Grande do Sul para participar de palestras em Santo Antônio da Patrulha e Esteio. Segundo ele, “o presidente interino Michel Temer está disposto a ouvir muito e promover as medidas necessárias para destravar o País e isso é importante. Disse a ele que hoje temos 51 milhões de jovens entre o ensino fundamental e médio. Desses, 25 mihões não terminam o ensino médio. Estão indo para serviços menos produtivos ou para as drogas e o crime. Como montar um projeto que possa ter um ativo mais produtivo e menos passivo? Esse é o grande desafio que o governo ainda não enfrentou. Pior que o desemprego é a guerra social. Melhor que o emprego é a paz social. O grande problema do governo atual é gerar empregos e distribuir renda. Desgaste ou rejeição dependem desse projeto”.

Três pactos

Segundo Nardes, “são os três pactos sobre os quais tenho alertado: um pacto político, um pacto federativo com os Estados e municípios e o da governança, de reforma política”. Ele revela que em várias oportunidades levou esta questão à presidenta afastada. “Em 2013, estive com a presidenta falando sobre isso, quando ela não havia contabilizado 2,3 trilhões de reais da previdência atuarial (a projeção da aposentadoria dos que hoje estão trabalhando). Em um relatório técnico que apresentei, mostro quais as mudanças devem acontecer. É um trabalho revolucionário feito a partir da governança. Mas a decisão não é nossa, é dos gestores”, observa.

As pedaladas fiscais

Sobre as pedaladas fiscais denunciadas no seu relatório, aprovado de forma unânime pelo TCU, e que deu origem ao processo de impeachment, o ministro lembra que “as pedaladas ultrapassaram os 40 bilhões de reais. Mas como as ideias erradas esparramam rapidamente, se o TCU não tivesse atuado com rigor, é uma ideia que acabaria se concretizando”. Augusto Nardes tem ainda outra preocupação: o uso dos depósitos judiciais pelos governos estaduais que, segundo ele, “estão totalmente fora do contexto. Em relação às aposentadorias, auditorias do TCU apontam para rombos bilionários nos fundos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Correios”.

A persistir esse quadro, o ministro aponta para um futuro onde as aposentadorias serão impagáveis, por uma razão aritmética: “o crescimento demográfico do País está em 1.8. Em quatro anos, acaba o bônus demográfico. Ou seja, se hoje temos oito contribuindo para um, o déficit é de 194 bilhões de reais, em 2040, será de quatro para um, o que inviabilizará a Previdência. Quem vai pagar a aposentadoria dos jovens de hoje?”.

Fábio Medina Osório fica

O advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, a despeito do forte noticiário negativo do final de semana deverá permanecer no cargo. Hoje, o presidente interino Michel Temer bate o martelo.

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