Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2018
O presidente Michel Temer (MDB) foi ao largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, na manhã desta terça-feira (1º), onde um prédio ocupado por 150 famílias de sem-teto desabou após um incêndio. Hostilizado, o chefe do Executivo teve de deixar o local às pressas.
O carro em que Temer estava foi chutado e atingido por objetos arremessados por moradores do prédio. Os sem-teto o chamaram de “golpista”. “Não poderia deixar de vir, sem embargo dessas manifestações, a final estava em São Paulo e ficaria muito mal não comparecer”, declarou o emedebista, que ficou cerca de cinco minutos no local. O presidente passa o feriado do Dia do Trabalhador na sua residência na capital paulista.
“Serão tomadas providências para dar assistência não só aqueles que perderam seus entes queridos, mas também a quem perdeu sua residência”, afirmou o presidente da República ao sair rapidamente no momento em que ouvia protestos de moradores. Temer confirmou que “lamentavelmente” o prédio pertence à União.
O fogo começou em um apartamento localizado no quinto andar, por volta da 1h20min, e se espalhou rapidamente. Um prédio vizinho também foi atingido pelas chamas. O imóvel foi evacuado e, de acordo com os bombeiros, não há risco de desabar. Cerca de 160 homens trabalharam intensamente no combate às chamas. Pelo menos três quarteirões foram isolados para o trabalho das equipes.
A Defesa Civil realiza o cadastramento das 150 famílias que moravam, de forma precária, no prédio que desabou. O edifício é uma antiga instalação da Polícia Federal, que estava desativada. Pelo menos uma pessoa morreu.
Bombeiros
O Corpo de Bombeiros afirmou que a situação do imóvel e da ocupação irregular contribuíram para o rápido avanço das chamas e para o desabamento.
Segundo o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros em São Paulo, o prédio já tinha passado por vistoria da corporação, que conhecia a ocupação e a situação do imóvel. “O Corpo de Bombeiros já tinha feito vistorias nesse prédio, já tinha atuado de forma a verificar o que tinha acontecido aí [na ocupação]. Todas as autoridades competentes estavam cientes em relação às condições de segurança desse prédio”, disse Palumbo.
“Ele tinha elevadores que foram retirados. Então, esses dutos de ar que eles tinham no meio, pelo fosso do elevador, eles acabam formando uma chaminé. Você tinha muito material combustível: madeira, papel, papelão, algo que fez com que essa chama se propagasse com rapidez. E a própria estrutura do prédio, sem os elevadores, formando essa chaminé, fez com que causasse o incêndio de forma generalizada na edificação”, destacou Palumbo.
“Não tem a menor condição de morar lá dentro. As pessoas habitam ali, desesperadas. Volto a repetir que essa era uma tragédia anunciada”, disse o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que também foi ao local. De acordo com o governador, há pelo menos 150 imóveis ocupados irregularmente no Centro de São Paulo.