Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2022
Mais do que participarem das campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a esposa do petista, Rosângela Silva, a Janja, já dão sinais de que vão para o confronto direto nos próximos meses.
Nesta semana, após a primeira-dama atacar Lula nas redes sociais com um vídeo que associa religiões de matriz africana às “trevas”, Janja reagiu com uma postagem na qual pregou o respeito a todas as religiões.
“Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios”, afirmou.
A postagem original de Michelle Bolsonaro mostrava imagens de Lula em um ritual e disparava: “Isso pode né? Eu falar de Deus não”. Era uma reação à repercussão de sua entrada na campanha do marido, desenhada com o objetivo de conquistar o eleitorado religioso – em especial evangélico, religião da primeira-dama. E também para tentar aliviar a resistência do eleitorado feminino ao presidente.
Na publicação, feita pela vereadora de São Paulo Sonaira Fernandes (Republicanos), a parlamentar afirmou que o ex-presidente “já entregou sua alma para vencer essa eleição”.
A Frente Inter-Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns, que congrega representantes de diversas religiões e integrantes da sociedade civil, também criticou a postagem de Michelle nas redes e pediram que se retrate “dentro dos princípios do amor ao próximo que afirma professar”. Em nota divulgada nesta terça-feira, a entidade afirmou que as declarações da primeira-dama ferem o Estado Democrático de Direito, promovem o ódio e ferem a lei eleitoral.
“Ao atribuir às administrações anteriores uma ‘consagração ao demônio’, a primeira-dama repete uma antiga prática excludente, beligerante e preconceituosa que, conforme demonstrado pela história, uma a divindade para tornar o semelhante um inimigo desumanizado, ligado a forças nefastas e que podem inclusive ser alvo de violência de forma legitimada”, afirmam no documento.
Mas Michelle e Janja têm ao menos uma coisa em comum: sua participação na corrida presidencial não é unanimidade em nenhuma das duas campanhas. Nada muito diferente do que enfrenta a maioria das mulheres em ambientes majoritariamente ocupados por homens. No caso de Michelle, há queixas, por exemplo, sobre a resistência da primeira-dama em seguir à risca orientações definidas pela campanha e com o cancelamento de última hora em compromissos.
No caso de Janja, a gritaria é maior. Enquanto Michelle foi pressionada a participar da campanha, Janja viu muita gente torcer o nariz para suas opiniões. Principalmente depois que ela passou a aparecer de tempos em tempos em reuniões estratégicas.