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Em sua estada no Brasil, o presidente da Argentina, Javier Milei, evitou críticas diretas a Lula

Esta foi a primeira vez que presidente argentino visitou o País. (Foto: Reprodução)

Javier Milei, presidente da Argentina, optou pela moderação e esfriamento das tensões com o governo brasileiro e não fez críticas diretas ou menções nominais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso na CPAC (Conservative Political Action Conference), em Balneário Camboriú (SC), no domingo (7).

O mandatário argentino foi o principal convidado da CPAC 2024, evento que reúne políticos e apoiadores da direita conservadora. Ao entrar no palco, Milei surgiu ao som de uma banda de rock argentina, cantando e animando a plateia, que respondeu calorosamente aos gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Em uma fala de 20 minutos, o presidente da Argentina listou suas ações à frente do país vizinho, fez duras críticas a governos socialistas e adicionou pequenas críticas sutis ao Brasil e aos pares da América Latina. Como quando afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro – presente no palco durante o discurso – é um “perseguido judicial”.

No pronunciamento, lido a uma plateia lotada de ativistas de direita, e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no palco, Milei discorreu sobre os males do socialismo e denunciou a oposição a suas reformas econômicas na Argentina.

A única referência mais direta ao Brasil foi feita de passagem. Em determinado momento, citou “a perseguição judicial que sofre nosso amigo Jair Bolsonaro aqui”, em referência aos processos contra o ex-presidente.

Nominalmente, fez poucas referências a líderes de esquerda, concentrando-se sobretudo no ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Para Milei, Maduro, que concorrerá numa eleição em 28 de julho, seria o símbolo do socialista que usa a pobreza como instrumento para se manter no poder. “Vejam como vive a família de Maduro, são todos multimilionários. Eles perderam o direito de falar de justiça”, afirmou.

Outro mencionado foi o ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que tentou se manter no poder mesmo com decisão contrária da Justiça de seu país. O argentino repetiu a acusação, sem provas, de que o atual chefe de Estado do país, Luis Arce, tentou engendrar um autogolpe. Milei também citou o que chamou de “ditaduras assassinas” de Cuba e Nicarágua.

Diplomacia

Para a diplomacia brasileira, que vinha prometendo reagir a provocações o tom burocrático do argentino foi um alívio. Mais cedo nesse domingo, o governo federal sinalizou que acompanharia a participação de Milei no evento após as últimas provocações do presidente argentino ao seu homônimo brasileiro, quando chamou Lula de “perfeito dinossauro idiota” em uma postagem na rede social X, junto com uma série de críticas ao chefe do Executivo brasileiro.

Segundo o Itamaraty, o governo poderia retirar seu embaixador de Buenos Aires se Milei ofendesse Lula novamente.

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