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Milhares de israelenses realizam o maior protesto desde o início da guerra contra o Hamas e pedem eleições antecipadas

Manifestantes também pediram acordo para libertação de reféns em Gaza. (Foto: Wikimedia Commons)

Milhares de israelenses realizaram em frente ao Parlamento de Jerusalém, nesse domingo (31), o maior protesto contra o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu desde que o país entrou em guerra contra o grupo terrorista Hamas. Os manifestantes pediram eleições antecipadas e um acordo para libertar os compatriotas mantidos reféns em Gaza.

A multidão se estendeu por quarteirões ao redor do prédio do Parlamento. Também foram registrados atos semelhantes em outras cidades. Os manifestantes clamavam ao governo para cancelar o próximo recesso parlamentar e realizar um novo pleito nacional quase dois anos antes do previsto.

Quase um semestre de guerra reativou divisões na sociedade israelense. O Hamas matou cerca de 1,2 mil pessoas durante o seu ataque em outubro e fez outras 250 reféns. Metade delas foi libertada durante cessar-fogo em novembro, mas diversas outras tentativas de mediadores internacionais para outra “bandeira branca” falharam.

Netanyahu prometeu destruir o Hamas e trazer todos os reféns para casa. Mas esses objetivos têm sido ilusórios. Embora o Hamas tenha sofrido grandes perdas, o grupo permanece ativo e as famílias dos reféns acreditam que o tempo está se esgotando.

“Após seis meses, parece que o governo de Tel-Aviv finalmente entende que Netanyahu tem sido um obstáculo”, disse um manifestante cujo sogro é mantido refém. “É como se ele admitisse ter falhado na missão e realmente não quisesse mais trazê-los de volta.”

Em discurso transmitido pela televisão antes de ser submetido a uma cirurgia de hérnia nesse domingo, o premiê israelense disse compreender a dor das famílias dos reféns: “Farei tudo para trazer os reféns para casa”.

Ele também disse que convocaria novas eleições, “antes da vitória”. Netanyahu também repetiu a sua promessa de uma ofensiva militar terrestre em Rafah, cidade do Sul de Gaza e onde mais de metade da população se abriga após fugir dos combates em outros locais: “Não há vitória sem entrar em Rafah”.

Os militares disseram que os batalhões do Hamas permanecem lá. Aliados e grupos humanitários alertaram para uma catástrofe com uma ofensiva terrestre em Rafah.

Premiê passa por cirurgia

Enquanto os protestos eram realizados em Jerusalém, Netanyahu era submetido a uma cirurgia de hérnia. O ministro da Justiça, Yariv Levin, que acumula a função de vice-primeiro-ministro, assumiu as funções durante o período de licença do titular.

Os médicos descobriram a hérnia durante exame de rotina e, em menos de um dia, o premiê estava sedado em uma mesa cirúrgica. Na noite desse domingo, seu gabinete informou que o procedimento foi “um sucesso”.

Netanyahu, 74 anos, manteve uma agenda lotada durante a guerra de quase seis meses de Israel contra Hamas, e seus médicos garantem que a saúde dele é boa. Mas no ano passado a equipe admitiu ter sido ocultado um problema cardíaco há muito conhecido e que motivara a implantação de um marca-passo, em julho.

Também no domingo, um ataque aéreo israelense atingiu um acampamento no pátio de um hospital lotado no centro de Gaza, matando quatro palestinos e ferindo outros 17, incluindo jornalistas que trabalhavam nas proximidades.

Um repórter da agência de notícias Associated Press filmou o ataque e as consequências no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, onde milhares de pessoas se abrigaram. Os militares israelenses disseram ter atingido um centro de comando do grupo extremista Jihad Islâmica.

Milhares de pessoas procuraram abrigo nos hospitais de Gaza, considerando-os relativamente protegidos contra ataques aéreos. Israel acusa o Hamas de agir dentro e ao redor de instalações médicas, o que as autoridades de saúde de Gaza negam.

Há quase duas semanas, as tropas israelenses realizam uma operação militar no hospital Al-Shifa, o maior de Gaza e dizem que mataram dezenas de terroristas, incluindo importantes agentes do Hamas.

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