Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de outubro de 2019
Milhares de libaneses foram às ruas neste domingo (20), no quarto dia de protestos contra o aumento de impostos e corrupção. O movimento, ampliado para várias cidades do país, nasceu de forma espontânea na quinta-feira (17), após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. A medida foi cancelada por pressão das ruas.
Mas a irritação dos libaneses foi canalizada em seguida para a situação econômica e política em geral, em um país onde mais de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo o BM (Banco Mundial).
As manifestações, protagonizadas por pessoas de todas as idades e classes sociais, não dão trégua. De Trípoli e Akkar, na região norte, até Baalbek, no leste, passando por várias cidades da costa, incluindo Tiro e Sidon, ao sul, e Shouf (leste), os libaneses demonstram seu descontentamento.
Com bandeiras libanesas, os manifestantes gritam “revolução” ou o “o povo quer a queda do regime”, principais lemas da Primavera Árabe. A classe política permanece praticamente inalterada no país desde o fim da guerra civil (1975-1990) e é acusada de mercantilismo em um país com infraestruturas deterioradas, escassez crônica de energia elétrica e água potável, além de um custo de vida elevado.
Depois de um sábado (19) marcado por manifestações em todo o país, os libaneses voltaram às ruas no domingo. Muitos acreditam que este pode ser o maior protesto até o momento, na véspera do fim do ultimato de 72 horas que o primeiro-ministro Saad Hariri impôs a sua frágil coalizão de governo, abalada por divisões, para que aprove as reformas econômicas.
Hariri insinuou que poderia renunciar caso não consiga a aprovação das reformas. Sua coalizão é dominada pelo grupo do presidente Michel Aoun e seus aliados, que incluem o movimento xiita Hezbollah, que não desejam a saída do primeiro-ministro.
Aliado de Hariri, o partido Forças Libanesas anunciou no sábado a renúncia de seus quatro ministros, uma iniciativa recebida com agitação pelos manifestantes. Aos gritos de “Todos significa todos”, os libaneses exigem a queda de toda a classe política.