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Por Redação O Sul | 1 de maio de 2018
Um acampamento de 150 famílias sem-terra ocupa, desde a noite de domingo (29), um hectare de uma fazenda do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) no município baiano de Maiquinique. Segundo a Polícia Civil e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), não houve registros de conflito. A família de Geddel deve entrar nesta quarta-feira (2) com pedido judicial de reintegração de posse. O MST mantém 15 invasões ativas no Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
“As ocupações de terra são protesto contra a paralisação do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), e fazem parte de uma mobilização maior em todo o País. O Incra não está mais fazendo estudos técnicos para a reforma agrária. Essas propriedades são latifúndios improdutivos que não estão cumprindo sua função social e devem ser desapropriadas” afirmou Evanildo Costa, membro da direção nacional do MST na Bahia.
A ocupação da fazenda de Geddel, segundo o MST, possui uma motivação específica: o fato de seu proprietário estar envolvido em casos de corrupção. Outras 13 propriedades com acampamentos ativos na Bahia são ligadas ao agronegócio e a mineradoras. Além da motivação da corrupção e da reforma agrária, os militantes do MST montam acampamentos como forma de protesto também contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava-Jato, e contra o governo Michel Temer e as reformas trabalhista e da Previdência.
Desde a prisão do ex-presidente, o MST intensificou suas ações. Só na Bahia, no dia 7, quando o petista foi detido, foram 15 bloqueios de estradas. O integrante da direção nacional não soube dizer quantas interdições de rodovias aconteceram após a prisão do ex-presidente, mas afirmou que elas continuarão ocorrendo, assim como as invasões de terras e de prédios públicos. O grupo que está na fazenda de Geddel está construindo barracos e pretende ficar na propriedade por tempo indeterminado.
Corrupção
É também por protesto contra a corrupção que os sem-terra invadiram uma segunda fazenda na Bahia. Ela também teria ligação com um político com problemas na Justiça. A propriedade fica em Candeias e pertenceria ao primo do ex-prefeito de Santo Amaro Ricardo Machado (PT). As duas cidades ficam na região do Recôncavo Baiano.
Segundo o jornal Correio, Ricardo Machado foi preso em dezembro do ano passado na Operação Adsumus, apontado como operador de um esquema que desviou ao menos R$ 20 milhões da prefeitura de Santo Amaro entre 2012 e 2016. O acampamento reúne 170 famílias sem-terra.
Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) são acusados pela Procuradoria-Geral da República no caso do “bunker” de R$ 51 milhões, encontrados em um apartamento em Salvador (BA). Também foi denunciada no caso a mãe dos políticos, Marluce Vieira Lima. O dinheiro foi apreendido pela Polícia Federal em setembro do ano passado na Operação Tesouro Perdido, nova fase da “Cui Bonno?”.
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal deve analisar no dia 8 de maio se recebe ou não a denúncia contra o ex-ministro e o deputado Lúcio Vieira Lima pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.