A ex-militar Chelsea Manning, 29 anos, responsável por vazar documentos secretos do governo norte-americano ao WikiLeaks, agradeceu ao ex-presidente Barack Obama por ter-lhe concedido clemência. Ela se emocionou em entrevista à emissora de TV ABC ao se referir à gratidão que sente em relação ao democrata. “Eu recebi uma nova chance, que era tudo o que eu queria. Tudo o que eu pedi foi uma chance, é isso”, disse.
Manning deixou em maio uma prisão militar no Estado do Kansas, quatro meses após Obama decidir libertá-la. Ela havia sido condenada em 2013 a 35 anos de reclusão por 19 crimes, incluindo espionagem e furto. A soldado trabalhava como analista de inteligência no Iraque entre 2007 e 2010.
No período, vazou mais de 700 mil documentos sobre as ações militares americanas no país árabe e informes do Departamento de Estado. Todos foram publicados pelo site WikiLeaks. Um dos materiais vazados é um vídeo, divulgado em abril de 2010, que mostra um helicóptero dos EUA matando vários civis em Bagdá, no Iraque, em 2007. Ela foi descoberta e presa meses depois. Sete anos depois, a ex-militar diz aceitar toda a responsabilidade por sua ação.
“Ninguém me disse ou me mandou fazer isso. É assim que eu sou, está dentro de mim.” Na sequência de sua condenação, ela assumiu sua identidade de mulher e solicitou uma cirurgia de redesignação sexual, mas teve seu tratamento hormonal negado pelos militares. Isso a levou a tentar se suicidar duas vezes antes de o procedimento ser autorizado, em 2015.
Na entrevista à ABC, Manning disse que o tratamento é essencial para que se mantenha viva. “Ele me afasta da sensação de estar no corpo errado. Normalmente tinha sentimentos horríveis, como se quisesse arrancar meu corpo e jogar fora.”