Quarta-feira, 12 de março de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2023
Os agentes foram ouvidos no último domingo pelos investigadores e a íntegra dos depoimentos foi disponibilizada nesta terça-feira
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilMilitares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que aparecem nas imagens da invasão ao Palácio do Planalto durante os ataques golpistas de 8 de janeiro afirmaram à Polícia Federal (PF) que não tinham informações sobre a gravidade dos atentados e buscaram retomar o controle do prédio antes de efetuarem prisões.
Os agentes foram ouvidos no último domingo (23) pelos investigadores e a íntegra dos depoimentos foi disponibilizada nesta terça-feira (25). Veja a seguir os principais trechos dos depoimentos dos militares.
Major do Exército José Eduardo Natale
O major do Exército José Eduardo Natale, visto nas imagens oferecendo água aos invasores, afirmou que entregou as garrafas com o “intuito de acalmá-los”. Ele afirmou que, a todo momento, a sua prioridade foi proteger o gabinete presidencial, que fica no terceiro andar do prédio.
Natale contou que, quando chegou ao local “logo apareceram 3 ou 4 manifestantes que estavam exaltados”. Segundo o militar, os manifestantes questionaram “de forma exaltada que local era aquele” e “exigiram que lhes dessem água”. Ele, então, “entregou algumas garrafas de água com o intuito de acalmá-los e ainda solicitou que saíssem do local”.
General do Exército Carlos Feitosa Rodrigues
O general contou à Polícia Federal que chegou no Palácio por volta das 15h30, depois de o prédio já ter sido invadido. Questionado sobre qual seria o papel do GSI na defesa do Planalto, ele afirmou que existe um protocolo denominado “Plano Escudo”, que “define um protocolo de segurança e defesa do Palácio do Planalto”.
Segundo ele, esse planejamento “pressupõe o prévio bloqueio” do acesso ao prédio e “não é especificamente um plano de retomada e sim um plano para impedir invasões ao Palácio do Planalto”.
Coronel do Exército Wanderli Baptista da Silva Júnior
Em seu depoimento, o coronel afirmou que, durante a ação no Palácio do Planalto, ele recebeu uma ligação do então ministro do GSI, Gonçalves Dias, determinando que todo mundo que estivesse no prédio deveria ser preso.
Wanderli afirmou também que “não houve qualquer menção a ações radicais, mas apenas a comunicação acera de manifestação de animosidade baixa, com cerca de 2000 manifestantes”.
Coronel do Exército Alexandre Santos de Amorim
O coronel contou, à PF, que foi convocado a atuar no dia 8 de janeiro e que chegou ao Palácio do Planalto somente após o prédio já ter sido invadido, por volta das 15h. Ele disse só ter se dado conta da situação “ao subir no elevador do anexo e sentir a fumaça”.
Em seu depoimento, ele defendeu que “o quantitativo de agentes do GSI e de seguranças era infinitamente menor que a quantidade de invasores”.
Coronel do Exército André Luiz Garcia Furtado
Em seu depoimento à Polícia Federal, Furtado afirmou que, desde o fim do segundo turno, apesar do acampamento de bolsonaristas em frente ao quartel-general do Exército, “não tinha ocorrido alguma manifestação que gerasse uma preocupação do GSI para elaborar um planejamento específico” contra um eventual ataque.
Segundo ele, até o dia 8 de janeiro, “não havia uma ameaça real ao Palácio do Planalto”. Para o coronel, com “a troca de governo, houve uma perda de continuidade no fluxo das informações”.
Tenente-Coronel do Exército Alex Marcos Barbosa Santos
Em sua oitiva, Santos tentou explicar as imagens que vieram à tona e mostram um relativo tom pacífico entre agentes do GSI e golpistas. Segundo ele, “embora a invasão tenha se iniciado de modo extremamente violento, as imagens se dão em um momento posterior, de retomada do prédio”.
Tenente-Coronel do Corpo de Bombeiros do DF Marcus Vinícius Braz de Camargo
Em seu depoimento, Braz de Camargo afirmou que, no dia 8 de janeiro, recebeu um telefonema de uma assessora da primeira-dama, Rosângela da Silva, pedindo para que ele se “deslocasse ao Palácio do Planalto para ajudar na preservação do gabinete do presidente”.
O tenente-coronel aparece nas imagens apontando o caminho das escadas para um dos invasores. Questionado pela PF sobre isso, ele disse que, neste momento, “estava encaminhando o aludido manifestante para o segundo piso, onde havia a contenção das pessoas para a prisão”.
Capitão do Exército Adilson Rodrigues da Silva
Adilson contou que chegou ao Palácio do Planalto por volta das 16h10, após ter visto as “manifestações na internet”. O capitão afirmou que viu alguns golpistas quebrando vidraças do prédio e, inclusive, foi “atingido por um estilhaço de vidro que lesionou seu rosto”.
Segundo ele, “todos os aproximadamente 200 manifestantes foram reunidos no segundo piso e a voz de prisão foi dada”. Isso teria acontecido por volta das 18h.
Sargento da Aeronáutica Laércio da Costa Júnior
Em seu depoimento, o sargento disse que atuou para tentar conter a entrada dos golpistas no Palácio do Planalto, mas que eles “conseguiram quebrar os vidros do térreo e acabaram ingressando no prédio”.
Laércio disse ainda que chegou a telefonar para o Palácio da Alvorada para comunicar que os supostos manifestantes haviam rompido o bloqueio da Polícia Militar.