Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2022
O presidente já foi alertado de dois riscos considerados sérios pelos militares com a eventual transferência das comemorações no Rio.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilA cúpula das Forças Armadas e o núcleo político da campanha de Jair Bolsonaro têm tentado convencer o presidente a desistir de transferir a parada militar de Sete de Setembro da avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, para a orla da praia de Copacabana.
O assunto foi discutido na semana passada, no Quartel General do Exército, em Brasília, em reunião do qual participaram o comandante, Marco Antônio Freire Gomes, e oficiais do Alto Comando. Os coordenadores da campanha para a reeleição têm sugerido a Bolsonaro que faça seu ato político no próximo dia 7 sem militares e sem ataques às urnas eletrônicas. Walter Braga Netto, o general da reserva que é vice na chapa do presidente, faz parte dessa “força-tarefa” política.
O presidente já foi alertado de dois riscos considerados sérios pelos militares com a eventual transferência das comemorações no Rio.
O primeiro foi a dificuldade de montar um aparato de segurança eficiente na orla. A questão já havia sido levantada por lideranças do Centrão, que também veem com preocupação a mudança de planos em um prazo tão enxuto.
A preocupação não era apenas com a segurança de Bolsonaro, mas também com a do próprio público durante o evento – já que, ao investir na mistura de uma parada militar tradicional com um ato político, Bolsonaro aumentou o risco de tumultos.
O segundo problema foi o ostensivo viés político-partidário que o evento ganharia na orla de Copacabana, tradicional palco de manifestações a favor de Bolsonaro e das investigações da Lava-Jato.
Os próprios líderes do Centrão admitem, nos bastidores, que se a manifestação reunir menos gente do que Bolsonaro juntou na avenida Paulista, no ano passado, já será encarada como fracasso político-eleitoral.
“O Exército convenceu o presidente que não seria uma 51 (uma boa ideia, em referência ao slogan da marca de cachaça). Quando ele percebe que a ideia é de jerico, recua”, resumiu um general que acompanha de perto o processo de convencimento do presidente.
Além da conveniência política e dos riscos relativos à segurança, há ainda uma questão jurídica. A transferência do Sete de Setembro para Copacabana é alvo de uma ação movida pela Rede Sustentabilidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na semana passada, a relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, deu um prazo de 5 dias para o governo Bolsonaro apresentar explicações sobre a mudança.
Dentro da caserna, a avaliação é a de que a postura do prefeito do Rio, Eduardo Paes, inviabiliza por completo o desfile militar na orla, já que a prefeitura tem papel-chave no planejamento do trânsito, da logística e da segurança do evento.
As comemorações deste ano serão “turbinadas” com a celebração dos 200 anos da Independência do Brasil. E estão sendo vistas por bolsonaristas como um teste de fogo da popularidade do presidente nas ruas, a menos de um mês do primeiro turno, marcado para 2 de outubro.