Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolvidos nas discussões sobre a sucessão de Flávio Dino no Ministério da Justiça afirmam que, independente do nome que vier a ser escolhido, um cargo na estrutura da pasta não será trocado: o comando da Polícia Federal (PF). Embora a corporação esteja subordinada ao ministério, o atual diretor-geral, Andrei Rodrigues, foi uma escolha pessoal do petista.
Rodrigues foi alçado ao posto máximo da PF após comandar a operação de segurança de Lula durante a campanha eleitoral de 2022. Ele já havia chefiado a equipe que cuidou de Dilma Rousseff na disputa de 2010.
Com a ameaça de segurança aos presidenciáveis em 2022 devido a polarização da disputa e as ameaças de violência, Rodrigues montou um amplo esquema de segurança. Solicitou uma equipe robusta de policiais e usou drones, esquadrão antibombas e atiradores de elite em eventos públicos com maior exposição do então candidato. Nenhum episódio de violência contra Lula foi registrado durante a campanha.
Ministros que acompanham o dia a dia do Planalto veem o presidente familiarizado com Rodrigues. O chefe da PF também tem a confiança da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja. Desde a posse, ela manteve apenas policiais federais na sua segurança pessoal, enquanto Lula tem uma equipe mista, com policiais federais e integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Um exemplo da proximidade na relação de confiança que Rodrigues conquistou com Lula é o fato de o diretor-geral ter acompanhado o presidente em pelo menos oito viagens internacionais ao longo do ano, incluindo Argentina, Japão, China e Emirados Árabes.
Esses auxiliares argumentam ainda que uma troca na PF a essa altura seria improvável porque também provocaria um efeito cascata, com substituições em diretorias e superintendências estaduais – a maioria delas já alteradas no início do ano, após Lula assumir.
Os nomes cotados para assumir o posto de Dino também já demonstraram simpatia pelo trabalho de Rodrigues e entendimento de que ele ocupa um cargo de Lula.
Um dos favoritos ao posto, o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski vê Rodrigues com perfil discreto, o que considera positivo para a função. Além disso, apesar de já ter indicado que gostaria de escolher pessoas de sua confiança para sua equipe no ministério, caso venha a ser convidado, Lewandowski já disse a pessoas próximas que vê a PF como uma instituição que requer certa autonomia em relação ao Ministério da Justiça.