Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de março de 2024
Anielle é irmã de Marielle Franco, executada a tiros em março de 2018.
Foto: ReproduçãoA ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, publicou em uma rede social neste domingo (24) uma mensagem comemorando a prisão de três supostos envolvidos da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
Anielle é irmã de Marielle, executada a tiros em março de 2018. O motorista Anderson Gomes também foi executado naquela noite.
“Só deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?Agradeço o empenho da PF, do gov federal, do MP federal e estadual e do ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!”, escreveu.
Em entrevista à GloboNews ao lado da mãe, Marinete, Anielle Franco chorou ao comentar a informação de que o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, teria “avalizado” a morte de Marielle e garantido ao grupo que o crime sairia impune.
“É uma mistura de raiva com a certeza da impunidade, com esperança de que a gente possa percorrer esse outro longo caminho. Estou um pouco em choque porque é quem deveria estar protegendo”, disse Anielle.
“A gente luta desde nova por um sistema que infelizmente é corrompido do início ao fim. Eu vi minha irmã lutar, acordar todo dia, se tornar a mulher que ela se tornou. Ser eleita como foi, honestamente.”
Anielle também afirmou que recebeu um telefonema do presidente Lula e da primeira-dama, Janja, no início da manhã.
“O presidente Lula e a Janja ligaram no início da entrevista pra gente, para falar e dar mais forças para esse momento. E não é qualquer coisa isso. […] É duro ouvir isso, é duro você lutar pelo que você acredita e ter a sua liderança, a pessoa em que você acredita… Minha mãe criou minha irmã e eu com muita dureza, com muito afinco. Pra ser assim, descartável? Por um homem que está ali à frente, que deveria estar protegendo a gente. Que deveria estar fazendo o seu papel, e a gente agora saber que compactua com um crime terrível como o que foi o da minha irmã”, disse Anielle.
“Tem muito chão pela frente ainda, e eu quero reiterar aqui: mataram minha irmã, mas a gente não vai sucumbir a esse sistema. A gente está aqui e vai continuar aqui defendendo o legado da Marielle, as pessoas que acreditam nela, as pessoas que lutam com a gente lado a lado, desde o começo. A gente vai fazer política como ela fazia, até o final, mesmo tomando várias passadas de perna”, continuou.
A mãe de Marielle e Anielle Franco, Marinete da Silva, também falou após as prisões.
“A gente se emociona, se entristece e também tem esperança. Esse Domingo de Ramos, pra gente, vai muito além do que a gente acredita enquanto cristã. De uma Justiça digna, e também de uma democracia que precisa ser sim chancelada. A história da Marielle, a nossa história enquanto mulher negra. De superação, vivendo com traições, acreditando em uma política verdadeira.”
“Não temos mais palavras para dizer, só gratidão e força. Para a gente continuar, porque isso não vai acabar aqui. Assim como a gente vê, no dia anterior [ao crime], um homem assumir e infelizmente se achar no direito de chancelar um crime desse, de uma mulher indefesa. É dizer que a gente estava num caminho sem volta. É muito difícil”, completou.