Terça-feira, 07 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de janeiro de 2025
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, cobrou respeito a religiões de matriz africana durante evento em Salvador (BA). O comentário foi feito dias depois de a cantora Claudia Leitte trocar “lemanjá” (entidade da umbanda e do candomblé) por “Yeshua” (Jesus, em hebraico) na música “Caranguejo” em apresentação no Recife (PE). A cantora é evangélica.
No evento, Margareth Menezes subiu ao palco do lado da cantora Daniela Mercury e falou a respeito do axé e de manifestações culturais de matriz africana. A ministra destacou a importância de ir atrás da história real e da cultura do povo afro-brasileiro.
“Já houve tantas perseguições, desde o tempo da escravidão. Está na hora de a gente pensar melhor e se comportar melhor em relação aos direitos dos povos afro-brasileiros, da sua religião, da sua maneira de fazer, de se vestir, de comer. A gente tem que saber como começa essa história. É muito digno que a gente respeite as religiões de matriz africana”, disse.
Idealizadora do festival, Daniela Mercury também falou sobre a importância do candomblé. “Então que a gente afirme toda a importância das religiões de matriz africana que sempre foram perseguidas e são extraordinárias, que a nossa cultura nasceu delas”, declarou.
Entenda o caso
No início de dezembro, Claudia Leitte foi acusada de racismo religioso por alterar a mesma música, que é de sua autoria com o grupo Babado Novo. Um inquérito sobre o caso está sendo conduzido pelo Ministério Público da Bahia.
• Trecho original: “Maré tá cheia, espera esvaziar/Joga flores no mar/Saudando a rainha lemanjá”;
• Trecho alterado: “Maré tá cheia, espera esvaziar/Joga flores no mar/Saudando meu rei Yeshua”.
De acordo com o Ministério Público, a denúncia foi feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e ficará a cargo da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, que apurará se a responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal.
Em primeira manifestação sobre o caso, a cantora afirmou que é um assunto muito sério. “Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”, declarou a artista, durante uma coletiva de imprensa realizada antes de apresentação no Festival Virada Salvador.