A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), em discurso de despedida da presidência nesta quarta-feira (27), citou os atos antidemocráticos de 8 janeiro e defendeu a democracia, o aperfeiçoamento das instituições a promoção dos direitos fundamentais.
Rosa Weber completa 75 anos na próxima segunda-feira (2), e esta é a idade-limite para atuação no serviço público. No início de sua fala, a magistrada agradeceu o apoio dos demais ministros ao longo da gestão. Em seguida, lembrou da trajetória dela em tribunais, a começar pela Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul.
A ministra é apenas a terceira mulher a integrar o Supremo. A primeira foi a ministra aposentada Ellen Gracie, que assumiu uma cadeira no STF em novembro de 2000. A segunda foi a ministra Cármen Lúcia, que tomou posse em junho de 2006. Enquanto a posse de Rosa Weber foi em dezembro de 2011.
Em seu discurso, Weber chamou o 8 de janeiro de “dia sombrio”.
“Dia sombrio de nossa democracia, o 8 de janeiro não há de ser esquecido, para que, se preservando a memória institucional, jamais se repita”, afirmou.
A ministra ressaltou, no entanto, que os ataques uniram as instituições contra os atos antidemocráticos. Rosa Weber lembrou da travessia da Praça dos Três Poderes, no dia seguinte, que juntou chefes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo.
“A resistência, a resiliência e a solidariedade ficaram estampadas na metáfiora da travessia da praça, do Planalto ao STF, o mais atingido pelo vilanismo”, afirmou.
Para a ministra, a democracia se mostrou inabalável.
“Ficou a advertência: cabe a todos e a cada um de nós a defesa intransigente da democracia constitucional na luta diária do aperfeiçoamento das instituições democráticas”, prosseguiu Rosa Weber.
A ministra também defendeu o combate ao discurso de ódio e a promoção de direitos fundamentais para toda a população. Ela se emocionou em diversos pontos de sua fala, em que suspirou e ficou com a voz embargada.
“Combate ao discurso de ódio, na busca do imprescindível avanço civilizatório, que passa pelos direitos fundamentais e avanços econômicos”, completou.
Coube ao decano do Supremo, o ministro Gilmar Mendes, fazer um discurso de homenagem à ministra, em nome dos colegas. O magistrado destacou o papel de Rosa Weber durante a crise dos atos antidemocráticos e de ataques ao STF.
“Se hoje estamos sentados nessas cadeiras, isso se deve em grande parte à luta de Rosa Weber pela democracia”, sustentou o ministro.