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Ministro Alexandre de Moraes manda o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, prestar depoimento à Polícia Federal após fala sobre contato entre Bolsonaro e o presidente do seu partido

Governador de Santa Catarina afirmou que, apesar de proibição, Valdemar Costa Neto "conversa muito" com o ex-presidente. (Foto: Reprodução)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, preste depoimento à Polícia Federal (PF) para esclarecer sua declaração de que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, mantém contato, apesar de uma proibição imposta pelo STF.

Em entrevista na última segunda-feira (13), Jorginho Mello afirmou que Valdemar “conversa muito” com Bolsonaro:

“Nosso presidente (do PL) conversa muito com o Bolsonaro, que é nosso presidente de honra. Espero que daqui a pouco eles possam conversar na mesma sala para se ajudarem ainda mais”, disse o governador ao canal de notícias Jovem Pan.

Moraes afirmou que a declaração “indica possível violação às medidas cautelares impostas por esta Suprema Corte” e determinou a apuração.

“Dessa maneira, para que os fatos sejam apurados, DETERMINO que a Polícia Federal proceda a oitiva do Governador do Estado de Santa Catarina, Jorginho Mello, no prazo de 15 (quinze) dias, para esclarecimentos sobre as suas declarações na entrevista que concedeu ao programa televisivo”, determinou Moraes nessa sexta-feira (17).

Minutos antes da declaração na entrevista, Jorginho havia dito que Valdemar “está amargurado” com a decisão de Moraes de impedir o contato entre eles, mas que, ainda assim, os aliados mantinham distanciamento físico:

“Ele (Valdemar) está amargurado agora porque o ministro Alexandre proibiu eles de conversarem. Tem o diretório nacional de Brasília e, quando o Bolsonaro está no escritório, ele fica lá no outro lado, em uma outra praça, a mais de 200 metros, para não conversarem”, explicou.

Bolsonaro e Valdemar foram indiciados pela Polícia Federal por participarem de uma suposta investida golpista após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Mesmo antes do indiciamento, contudo, após uma das fases da investigação, em fevereiro de 2024, Moraes já havia determinado que os alvos não mantivessem nenhum tipo de contato entre si.

O veto permaneceu mesmo durante o pleito municipal do ano passado, afetando a interlocução interna do PL em ano eleitoral. Tanto Valdemar quanto Bolsonaro já tentaram diversas vezes derrubar o impedimento no STF, mas não obtiveram sucesso.

Após a repercussão da fala, o governo de Santa Catarina informou, por nota, que Jorginho, “como disse na própria entrevista”, “discorda completamente da restrição imposta contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente de honra do PL, Jair Bolsonaro”. O texto reafirma, porém, que “ambos seguem cumprindo a decisão judicial, apesar de ser injusto, segundo o próprio governador”.

“Não é preciso muito esforço para perceber que Jorginho se referia ao período em que ambos construíram juntos, Valdemar e Bolsonaro, o partido mais sólido do Brasil, com os resultados históricos do PL nas eleições de 2022”, acrescentou a gestão catarinense.

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