Caberá à Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal a análise da investigação sobre dois jovens, menores de idade, suspeitos de hackearem a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, na rede social X (antigo Twitter). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou o inquérito para primeira instância após a Polícia Federal concluir sua apuração.
Os dois suspeitos foram alvo de busca e apreensão e tiveram o sigilo telemático quebrado por Moraes, a pedido da Polícia Federal e com aval da Procuradoria-Geral da República.
Em razão de os investigados terem menos de 18 anos, a PGR requereu, após o cumprimento das diligências e a finalização do inquérito da PF, que o caso fosse enviado a uma Vara da Infância e Juventude do DF. O pedido foi atendido por Moraes.
A conta de Janja no X foi hackeada em dezembro do ano passado. Os dois suspeitos usaram a conta para publicar ofensas à primeira-dama e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles também teriam enviado mensagens de cunho sexual e posts sobre o ministro Moraes.
O hackeamento ocorreu por quase uma hora e meia, até que o perfil da primeira-dama foi suspenso. Em menos de 24 horas, a Polícia Federal foi acionada e realizou uma operação para identificar os invasores.
Quando a ofensiva foi aberta, os investigadores verificaram que os possíveis envolvidos ‘tinham perfis e postagens na plataforma Discord, participando de grupos que trocavam mensagens de caráter misógino e extremista’.
Um dos suspeitos de hackear Janja publicava, no Spotify, sob o apelido ‘Maníaco’, faixas musicais de rock com apologias ao racismo, à misoginia e ao nazismo.
Segundo a PF, o inquérito mirou não só a invasão do perfil de Janja no X, mas também crimes de ódio relacionados, “como postagens de caráter ofensivo contra autoridades públicas federais”.
“O Lula é um vagabundo, eu traio ele com o Neymar vai neymar (sic)”, dizia uma das mensagens publicadas. Nos primeiros 15 minutos de invasão, foram 15 tweets com mensagens obscenas e xingamentos.
O invasor interagiu com usuários que comentavam as postagens e repercutiu as publicações em veículos de comunicação. Ele também gravou um áudio ao longo da série de postagens.
“Não estou nem aí. Eu sei que vai dar alguma coisa, talvez não dê, talvez dê, depende do sistema Judiciário do país […] Não acredito que vou ser preso”, afirmou o hacker.
Entre as mensagens, há citações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Em um dos tuítes, o invasor chegou a marcar o perfil oficial da Polícia Federal no X.
“O Alexandre de Moraes é bandido e logo vai sofrer impeachment. Nada que ele faça vai impedir a gente de falar a verdade, enquanto tenho tempo falarei mais e mais”, dizia outra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e do site Metrópoles.