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Ministro Alexandre de Moraes vai relatar inquérito sobre ataque ao Supremo

O magistrado já é relator de outro inquérito envolvendo ataques ao Supremo. (Foto: Antônio Augusto/Secom/TSE)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi designado nessa quinta-feira (14) como relator do inquérito que irá apurar as explosões que atingiram a Praça dos Três Poderes na noite de quarta-feira (13). Alexandre de Moraes deve assumir o caso por conta da ligação do atentado com o chamado “gabinete do ódio”, rede que insuflava violência de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro contra o STF e seus magistrados.

Por volta das 19h30 de quarta, Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador pelo PL no município de Rio do Sul (SC), se aproximou da fachada do Supremo e jogou duas bombas próximas à marquise da Corte. Em seguida, ele colocou uma bomba no chão e deitou sobre o artefato até a explosão.

Um outro artefato explodiu dentro de um carro no estacionamento do anexo IV da Câmara dos Deputados. O veículo pertencia a Wanderley. O inquérito instaurado pela Polícia Federal vai apurar as explosões como um ato terrorista, segundo informou o diretor-geral da corporação, Andrei Passos Rodrigues. Em entrevista coletiva, Rodrigues afirmou que foram apreendidos outros artefatos explosivos que estariam em um imóvel alugado por Wanderley. O diretor-geral da PF também informou que um celular do homem foi apreendido.

O magistrado já é relator de outro inquérito envolvendo ataques ao Supremo: o do 8 de janeiro de 2023, data em que bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília e depredaram os prédios. Antes de ser definido como relator da investigação, Alexandre de Moraes disse que as explosões não devem ser vistas como fato isolado e tiveram origem no chamado “gabinete do ódio”, criado na gestão de Jair Bolsonaro (PL).

“Não podemos ignorar o que ocorreu ontem [terça]. O que aconteceu ontem não é um fato isolado do contexto. O contexto se iniciou lá atrás, quando o gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, principalmente, e contra a autonomia do Judiciário”, disse em evento do Conselho Nacional do Ministério Público.

A sessão do Plenário do Supremo Tribunal Federal desta quinta foi mantida. A entrada foi restrita aos advogados das partes e à imprensa. O prédio do Supremo foi submetido na manhã desta quinta a uma vistoria e varredura por agentes da PF e da Polícia Militar.

Obcecado por política

Um dos cinco irmãos de Francisco Wanderley Luiz, disse que o homem, conhecido como Tiü França, estava obcecado por política nos últimos anos, participou de acampamentos em rodovias contra a eleição de Lula e estava com comportamento irreconhecível.

“A pessoa com a cabeça fraca, se não está bem centrada, acaba se deixando levar pelo ódio”, disse em entrevista à equipe da TV Brasil, por telefone.

Emocionado, o irmão contou que não mantinha contato com Francisco Wanderley, de 59 anos, nos últimos meses. Francisco, que era chaveiro, era uma pessoa tranquila, disse. Porém, após as últimas eleições presidenciais em 2022, só falava de política, o que dificultava o convívio. Essa situação se agravou no ano passado. O irmão disse ainda que não estava com comportamento irreconhecível.

O irmão relatou que Francisco participou de acampamentos em estradas de Santa Catarina contrários à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, no pleito de 2022. Para ele, o chaveiro interagia com grupos políticos extremistas na internet, o que o levaram ao “ódio”. O irmão não acredita que o homem tinha a intenção de matar o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

O autor do atentado a bomba à sede do Supremo, segundo investigações, tinha como alvo Moraes, relator dos inquéritos sobre os atos extremistas de 8 de janeiro. Ele afirmou que a família está perplexa com o ato e a morte de Francisco Wanderley. O familiar disse também que ele vivia da renda de casas alugadas em Rio do Sul, cidade catarinense do Alto Vale do Itajaí onde morava.

 

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