O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nessa quarta-feira (4) que, até o momento, a situação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), não provoca “desconforto” no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 2018, Daniela Carneiro fez campanha para a Câmara dos Deputados ao lado do miliciano Juracy Alves Prudêncio, ex-sargento apontado como chefe de uma milícia acusada de vários assassinatos em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense.
O ministro acrescentou que, caso surja algum fato novo sobre o suposto elo de Daniela com a milícia, “aí é outra história”.
“Não tem, até aqui, nenhuma outra repercussão, nenhuma materialidade concreta sobre nada que crie nenhum tipo de desconforto até o momento. Se surgir coisa nova, aí é outra história. Mas até aqui não tem nada que provoque nenhum tipo de desconforto não”, afirmou Costa.
O miliciano Juracy Alves Prudêncio aparece em vídeos trabalhando como cabo eleitoral de Daniela em 2018, quando a política estava no MDB.
Ele foi condenado a 26 anos de prisão e estava preso desde 2009. Em 2017, Juracy passou para o regime semiaberto e começou a trabalhar na prefeitura da cidade, onde o prefeito é Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, marido de Daniela.
Antes de ser ministra, Daniela era conhecida no meio político como Daniela do Waguinho por ser casada com o prefeito de Belford Roxo.
Sem elementos
Em entrevista ao portal UOL, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que não há elementos para afirmar que uma foto comprove a ligação com a milícia. Disse ainda que a ministra vai prestar esclarecimentos.
A assessoria de Daniela informou que ela recebeu apoio em diversos municípios na campanha de 2018 e que isso não significa que compactue com qualquer apoiador que tenha cometido ato ilícito.
“Inimigos”
Nessa quarta, Daniela atribuiu as suspeitas sobre sua ligação política com milicianos a “inimigos” que querem “queimar” a sua reputação. “Os inimigos querendo me queimar, mas não irão conseguir”, escreveu Daniela a um interlocutor, em mensagem flagrada pelo jornal O Globo.
Durante a solenidade da posse de Marina Silva (Meio Ambiente) no Palácio do Planalto, a ministra, que estava sentada entre os convidados da cerimônia, passou alguns minutos no telefone em conversas sobre o caso.
Ao receber mensagens de apoio, ela também disse que não era conivente com ilícitos.
“Recebi muitos apoios, mas não respondo por outras pessoas. Não compactuo com qualquer ato ilícito. Cabe à polícia e à Justiça investigar e julgar casos que são da polícia e da Justiça”, escreveu a ministra ao mesmo interlocutor, identificado nos contatos dela como Dr. Santoro H F.