Terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2024
José Múcio defendeu que não se generalize o Exército como um todo nessa situação
Foto: Valter Campanato/Agência BrasilApós se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta terça-feira (17), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, falou a jornalistas sobre a prisão do general da reserva Walter Braga Netto. Para Múcio, a detenção “mexe com os militares”.
“Estão constrangidos [Exército]. É o primeiro general quatro estrelas que é detido, mas não foi surpresa para ninguém”, disse o ministro.
Braga Netto foi detido no âmbito de uma operação que mira um grupo criminoso investigado por planejar um plano de golpe de Estado com o objetivo de manter Bolsonaro na Presidência da República, mesmo após o resultado da eleição de 2022. O general de quatro estrelas é apontado pela PF como articulador do plano. A Polícia Federal argumentou que sua liberdade poderia representar risco à ordem pública, já que ele teria condições de cometer novos atos que poderiam interferir na investigação.
José Múcio defendeu que não se generalize o Exército como um todo nessa situação, apesar do envolvimento de alguns militares na operação. A prisão de Braga Netto foi mantida após ele passar por audiência de custódia no sábado.
Ele ficará detido no Comando da 1ª Divisão de Exército, que integra o Comando Militar do Leste (CML), no Rio de Janeiro. O general só poderá receber visitas mediante autorização expressa do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Isso vale, inclusive, para familiares. Embora não tenha prazo definido para terminar, a prisão preventiva deve ser reavaliada pela Justiça a cada 90 dias, para verificar se ainda é necessária.
“Cada um entrou nisso com seu CPF e a gente tem que preservar o CNPJ das três Forças”, disse. “Ele [Braga Netto] tem muitos colegas, está preso, mas não foi surpresa para absolutamente ninguém, estamos torcendo para que tudo isso passe”, concluiu o ministro.
O encontro com Lula ocorreu no dia em que o governo federal enviou ao Congresso o projeto de lei que altera regras para aposentadoria de militares. O ministro disse acreditar que o texto tem “boas chances” de ser aprovado pelos parlamentares.
A aposentadoria militar acontece quando há a passagem da ativa para a reserva remunerada. Hoje, são necessários 35 anos de serviço às Forças Armadas, mas não há idade mínima. O texto ainda terá de passar pela Câmara e pelo Senado para se transformar em lei, e pode sofrer mudanças durante a tramitação. Faltando menos de uma semana para o início do recesso, a análise do tema deve ficar para 2025.
O Ministério da Defesa, que abriga a estrutura das Forças Armadas, foi a última instância do governo federal a ser incluída no pacote de redução de gastos.