Sábado, 30 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de agosto de 2023
O ministro da Defesa, José Múcio, vai acionar a Polícia Federal (PF) para apurar a informação de que Walter Delgatti Neto, o chamado “hacker da Vaza-Jato”, participou de reuniões na pasta durante a gestão Jair Bolsonaro para debater a segurança das urnas eletrônicas usadas na eleição.
“O Ministério da Defesa informa que os temas noticiados na imprensa se referem à gestão anterior e estão sendo investigados pela Polícia Federal. O Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, acionará a Polícia Federal para verificar se há alguma providência a ser tomada pela atual gestão do ministério”, disse a pasta em nota.
O advogado que defende Delgatti Neto, Ariovaldo Moreira, disse mais cedo em entrevista à GloboNews que o hacker esteve no Ministério da Defesa e “acompanhou algumas reuniões acerca da confiança das urnas”. “Ele realmente esteve lá e prestou algum serviço, mas ele também recebeu propostas de invasões”, afirmou.
Delgatti Neto foi preso na última quarta-feira (2) em uma operação da PF para apurar se ele invadiu o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inseriu documentos fraudados no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões. Entre esses documentos, está um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). Há também a inserção de falsos alvarás de soltura.
Nessa mesma operação, autorizada por Moraes, foram executados mandados de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), no gabinete e no apartamento dela. Zambelli negou ter cometido irregularidades.
Em depoimento à PF, Delgatti disse que esteve no Palácio da Alvorada e que, na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro teria questionado a ele se Delgatti conseguiria invadir urnas eletrônicas.
O encontro entre Delgatti e Bolsonaro foi articulado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que foi alvo de mandado de busca e apreensões nos seus endereços.
Enquanto presidente da República, Bolsonaro fez reiteradas críticas às urnas e tentou colocar em xeque o sistema eleitoral sem jamais ter apresentado provas de eventuais irregularidades.
Um desses episódios, um encontro com embaixadores no Palácio da Alvorada convocado para justamente atacar o sistema eleitoral, levou o Tribunal Superior Eleitoral a declarar Bolsonaro inelegível.
Delgatti Neto ficou conhecido como “hacker da Vaza-Jato” por ter invadido telefones de autoridades envolvidas na Operação Lava-Jato. Dentre elas estavam o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR), o ex-procurador e deputado cassado Deltan Dallagnol e outros representantes do Ministério Público. As conversas atribuídas a ele mostram supostas combinações entre Moro e os procuradores da Lava-Jato, o que ajudou a minar a credibilidade da operação.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro aprovou nessa quinta-feira (3) a convocação de Delgatti Neto.