O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, voltou a defender as Forças Armadas contra o envolvimento da instituição nos atos extremistas de 8 de janeiro. Múcio reconheceu a participação de militares nos ataques, mas afirmou que eles devem ser punidos individualmente. Segundo ele, essa é a vontade da própria instituição.
“Nós vamos ter algumas pessoas indiciadas pela CMPI (dos Ataques Golpistas). A própria Justiça vai dizer quem são os outros nomes. E nós – vou falar como se fosse Forças Armadas – vamos tomar as nossas providências, porque nós precisamos nos libertar dessa suspeição. Eu quero sair do patamar de suspeito para o patamar de parceiro. Eu quero ajudar este governo. Fazer desse país um país mais fraterno”, disse.
Múcio contou que tentou ter acesso a possíveis nomes com a Polícia Federal e o STF, na figura do ministro Alexandre de Moraes. Os processos correm em segredo de Justiça e ainda não houve retorno da Corte. Na CPMI, o hacker Walter Delgatti relatou que esteve no Ministério da Defesa do governo Bolsonaro, onde conversou com militares sobre a fraude das urnas eletrônicas.
“Estamos carentes de ter essas informações, porque nós queremos mostrar à sociedade que não concordamos com tudo aquilo. Nós somos personagens da Constituição, somos servidores do país, estamos sob a égide do presidente da República – que é nosso comandante supremo –, e nós precisamos ter esses nomes para tomarmos providências”, afirmou.
Múcio ainda garantiu que não era de interesse dos militares dar um novo golpe de Estado no Brasil.
“Graças aos militares nós não tivemos um golpe. Como é um golpe de Estado? As Forças vão na frente, o povo vem atrás apoiando. Aqui era muito fácil: o povo foi na frente. Os militares poderiam dizer que estavam acompanhando o que o povo queria. (…) Desde que o Lula assumiu você não vê a declaração de um militar da ativa agredindo a democracia nem o governo brasileiro. Todos estão cumprindo as suas responsabilidades’, apontou.
Demissões
Com apenas 20 dias de governo, o ministro da Defesa demitiu o novo comandante do Exército general Júlio César de Arruda. “Um dos maiores desafios que eu já enfrentei”, confidenciou. Questionado do porquê, já que as Forças Armadas não estariam corrompidas pelo golpe, Múcio destacou o peso da nomeação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para um cargo de comando em Goiás.
A escolha pelo substituto, general Tomás Paiva, aconteceu depois de um telefonema irritado de Lula a respeito de Arruda. No mesmo contato, o presidente falou sobre o discurso legalista de Paiva que viralizou nas redes sociais após o 8 de Janeiro. O ministro convidou o general imediatamente.
“Foi naquele momento que eu senti que o presidente não estava contente com o comando do Exército. Tomás Paiva na lista era o terceiro. Eu não o conhecia, mas o que ele falou era o que nós estávamos buscando”, contou.