O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta sexta-feira (15) que seja mantido pelo Congresso o eventual veto presidencial ao trecho que permite o reajuste de servidores públicos incluído no pacote de auxílio aos Estados e municípios em virtude do coronavírus.
Ao votar a medida, os parlamentares aprovaram o trecho que colocava o congelamento dos salários como contrapartida para a ajuda federal, mas excluíram várias categorias desta regra. “Precisamos da contribuição do funcionalismo público. Dezenas de milhões de brasileiros estão sendo demitidos, milhares de empresas estão fechando. Só estamos pedindo uma contribuição”, afirmou Guedes.
O ministro afirmou que o governo rejeitou movimentos que pretendiam ir além, cortando até 20% do salário do funcionalismo. “Por favor, enquanto o Brasil está de joelhos, nocauteado, tentando sobreviver, não assaltem o Brasil”, disse o ministro.
Guedes também falou sobre os governadores e sobre o Congresso Nacional, ainda no bojo do assunto envolvendo o anúncio. Ele criticou os pedidos para a extensão do auxílio federal combinado à possibilidade de conceder aumento a servidores. “E vamos nos aproveitar de um momento como esse, da maior gravidade, de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque?”, afirmou.
A respeito do Legislativo, o ministro pediu que o veto, caso o presidente Jair Bolsonaro realmente o faça, seja mantido pelos deputados e senadores. “O que adianta um presidente vetar, se quando ele veta, o Congresso derruba. É para que isso? É para impor uma derrota política ao presidente, é para desorganizar a economia brasileira, é para transformar em guerra eleitoral um gesto de grandeza nosso de mandar recurso a guerra da saúde?”, criticou.
Ele afirmou não estar criticando nem o Congresso nem as categorias de servidores. A respeito das votações no Legislativo, ele afirmou, em referência à aliança recente do presidente Jair Bolsonaro com os partidos do chamado “Centrão”, que está em curso um acordo sobre programas de governo para a formação de uma base aliada mais sólida.
Ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, Paulo Guedes afirmou que houve um erro de interpretação a respeito de “um PAC mais fundo”, em referência ao Programa Pró-Brasil, anunciado pelos ministros militares há duas semanas.
Guedes afirmou que o programa foi entendido como um aprofundamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), adotado no governo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e não seria. “Não foi isso que a Casa Civil falou, que o presidente falou, que o general Ramos [ministro da Secretaria de Governo] falou”.
No entanto, em seu anúncio, Braga Netto defendeu um eixo de investimentos públicos para a recuperação da economia brasileira após a pandemia da Covid-19. O ministro da Economia afirmou que os temores de que o Brasil poderia voltar a seguir um rumo de mais expansão dos gastos públicos afastaram investidores.