Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de dezembro de 2019
A declaração foi dada à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que convocou o ministro da educação para esclarecer uma entrevista do fim de novembro
Foto: Reprodução de TVO ministro da Educação, Abraham Weintraub, reafirmou nesta quarta-feira (11) a existência de plantações de maconha e laboratórios de produção de drogas nas universidades federais. Sem apresentar provas, o ministro exibiu uma série de reportagens durante o tempo destinado para sua fala.
A declaração foi dada à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que convocou o ministro da educação para esclarecer uma entrevista do fim de novembro. O ministro da Educação mostrou reportagens sobre o consumo de maconha e drogas sintéticas na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). As reportagens não indicam participação ou anuência dos gestores das universidades. Nenhum processo foi aberto contra os reitores das instituições.
Interferência nos campi
O ministro defendeu que há uma “epidemia de drogas”, disse que “as estatísticas” mostram que o consumo de drogas nas universidades é o dobro do uso geral no País. Com isso ele defendeu a interferência da Polícia Militar nos campi das universidades.
“As universidades estão sim doentes, estão pedindo o nosso socorro”, disse o ministro. “Eu sou a favor da autonomia universitária para pesquisa, para ensino. Pode ensinar o que quiser, falar de Karl Marx, não tem problema. Agora, a PM [Polícia Militar] tem que entrar nos campi.”
Reitores criticam ataques
No início do mês, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior) entrou na Justiça para pedir que o ministro da Educação também explique as alegações de que há “plantação de ervas para produção de drogas” nas universidades federais brasileiras.
“Eu não falei em momento algum que a culpa é dos reitores”, defendeu o ministro. “Falei que a situação é tão dramática que há plantação em algumas. Não acusei reitores, professores, técnicos, eu sou professor concursado de uma universidade federal.”
Quarta vez
Esta foi a quarta convocação do ministro da Educação pelo Congresso desde a posse no cargo, em abril. Em maio, em meio aos bloqueios do orçamento das universidades federais, o ministro foi às comissões de Educação da Câmara e do Senado, e também falou ao plenário da Câmara.
A convocação mais recente foi aprovada na semana passada. A Comissão de Educação aprovou cinco requerimentos para que o ministro explicasse as declarações dadas ao “Jornal da Cidade Online”, em que o ministro ligou as universidades federais à produção de drogas.
A entrevista foi compartilhada nas redes sociais do ministro e gerou forte reação da comunidade acadêmica. Em nota, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior disse que o ministro da Educação “parece nutrir ódio pelas universidades” e que “ultrapassa todas as fronteiras que devem limitar, sobretudo, os atos de um gestor público”.