Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa sexta-feira (7) acreditar que o dólar deve chegar a um “patamar adequado”, o que vai ajudar a reduzir preço da inflação “nas próximas semanas”. Haddad ainda criticou a política monetária conduzida pelo Banco Central (BC), que elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 13,25% ao ano.
Segundo ele, a cotação da moeda americana, que passou dos R$ 6 no fim do mês passado, mas recuou e na quinta encerrou em R$ 5,76, menor patamar desde novembro, tem influência direta nos preços de produtos no País.
“Quando o produtor está recebendo mais em reais em virtude do dólar ter se apreciado, isso acaba tendo impacto nos preços internos. Então a política que nós estamos adotando para trazer esse dólar em um patamar adequado também vai ter reflexos no preços nas próximas semanas”, disse o ministro em entrevista à Rádio Manhã Cidade, de Caruaru (PE).
Haddad também criticou a subida a alta de juros conduzida pelo BC, que elevou taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano em janeiro. Para o ministro, a política fiscal deve ser tratada como um “remédio”, que precisa ser aplicado na hora e dose correta.
“Se você está tendo um repique inflacionário você precisa corrigir. O remédio para corrigir a inflação é aumentar a taxa de juros para inibir a alta de preços. Mas tudo isso precisa ser feito da maneira correta, na dose certa, que nem antibiótico, você não pode tomar a cartela inteira em um dia, nem pular horário ou tomar menos ou mais do que você precisa. Então a política monetária tem que ter muita sabedoria para você conduzir, você não pode deixar problemas e crescimento da economia, não pode jogar o país numa recessão”, afirmou o ministro.
Além dos alimentos, o ministro afirmou que uma redução na cotação do dólar também fará com que os preços dos combustíveis “voltem ao normal”.
“Com o dólar voltando ao normal depois da eleição do Trump, você pode observar que teve uma disparada do dólar, e a gente importa gasolina e diesel, e isso tem reflexo no preço.”
Os preços da gasolina e diesel aumentaram a partir do último sábado, 1º de fevereiro. A alta foi provocada em todo o Brasil por causa de uma mudança na forma de calcular o imposto estadual, o ICMS, que incide sobre o valor do litro e aumenta o que é cobrado do motorista no visor das bombas.
Medidas
Prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo ainda estuda quais medidas serão tomadas para baratear os alimentos. Algumas ações, no entanto, já foram anunciadas por ministros.
Ao final de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa disse que o governo vai reduzir o imposto de importação de alimentos que estiverem com o preço mais alto no Brasil do que no exterior.
“Se os preços desses produtos no mercado internacional estiverem mais baixos do que no mercado nacional, isso será rapidamente analisado e a alíquota de importação desses produtos será reduzida. Ou seja, os produtos que estejam com o preço interno maior do que o preço externo, nós atuaremos na redução de alíquota para forçar o preço a vir pelo menos para o patamar internacional”, disse Costa.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também citou que a regulamentação de mecanismos para aumentar a competição em cartões de refeição e alimentação podem ajudar a baratear os preços para o consumidor. Hoje, as taxas cobradas no VR e no VT são elevadas e pesam sobre os lojistas. Mas a regulamentação do tema está travada há mais de dois anos, com uma queda de braço entre a Fazenda e o Banco Central sobre quem deve tratar do assunto.