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Ministro da Fazenda Fernando Haddad nega que o governo vai taxar big techs dos EUA em retaliação

Haddad reforçou que o Executivo só irá se manifestar com base em “decisões concretas”. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou na segunda-feira (10) que o governo brasileiro tenha a intenção de taxar empresas de tecnologia caso os Estados Unidos decidam impor tarifas aos produtos brasileiros. A declaração foi feita em publicação na rede social X, na qual Haddad reforçou que o Executivo só irá se manifestar com base em “decisões concretas”.

“Para não deixar dúvida, não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil. No mais, o governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. Vamos aguardar a orientação do presidente”, disse Haddad.

A notícia de que o governo taxaria plataformas digitais norte-americanas em resposta às tarifas de Donald Trump circularam na imprensa.

O ministro evitou comentar o anúncio do presidente americano de que irá impor tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, o que afetaria o Brasil.

“Então o governo vai aguardar decisão oficialmente antes de qualquer manifestação”, disse à imprensa. Ele repetiu que aguardaria a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as medidas dos EUA serem efetivamente implementadas.

No domingo, Trump disse que ia anunciar tarifas de 25% sobre alumínio e aço importados pelo país. O Brasil está entre os maiores fornecedores de aço para os EUA. Em 2024, foi o segundo maior exportador do produto para o país norte-americano, atrás apenas do Canadá, segundo o American Iron and Steel Institute.

Dados do Instituto Aço Brasil mostram que, no ano passado, os EUA responderam por 60,6% do volume de produtos siderúrgicos exportados pelo Brasil — em valores, a fatia foi de 54,1%. No total, foram 5,8 milhões de toneladas destinados ao país norte-americano, com valor total de US$ 4,7 bilhões.

Desde a vitória de Trump, o Palácio do Planalto emitiu um alerta a alguns ministérios da área econômica para que ficassem de prontidão em relação à promessa de aumento de taxação de produtos importados pela maior potência econômica do globo. Aos técnicos, foi designado que se debruçassem sobre medidas que poderiam ser adotadas pelo Brasil em caso de uma iniciativa americana.

Alckmin responde

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil vai procurar o governo dos Estados Unidos para negociar uma solução para as tarifas de 25% sobre o aço e alumínio.

Alckmin afirmou que já conversou com a embaixadora do Brasil nos EUA para iniciar as tratativas. “É sempre um bom caminho o ganha-ganha”, disse ao ser questionado sobre medidas de reciprocidade. Para o vice-presidente, uma boa alternativa a ser negociada seria o estabelecimento de cotas para importação de aço pelos Estados Unidos. A taxa de 25% imposta pelo governo americano atinge o Brasil, que é um grande exportador de aço para os EUA. Segundo Alckmin, há “várias interlocuções” com o País.

O protecionismo econômico foi uma promessa de campanha do político dos Estados Unidos. Trump é o principal nome da direita radical no mundo e não tem relação com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Atualmente, o País já exporta para os americanos no sistema de cotas, de 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado por ano. O modelo foi estabelecido em 2018, durante o primeiro governo Trump, quando o Brasil negociou uma saída para escapar da sobretaxa imposta pelo republicano à época. O governo brasileiro quer fazer o mesmo agora.

“Porque quando lá atrás foi aumentado, foram estabelecidas as cotas. Que é um mecanismo inteligente, porque se você aumenta o imposto de importação, o aço, para os Estados Unidos, isso tem um efeito na cadeia. Você tem um encarecimento na cadeia. Então, o que foi feito anteriormente? Cotas. Essa é uma boa solução. Então, o caminho é o diálogo”, disse.

Alckmin foi questionado sobre a possibilidade de o Brasil responder com tarifas para produtos americanos, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia indicado que poderia fazer na semana passada, e desconversou. Disse que o caminho é o diálogo. O político deu as declarações em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto. (Estadão Conteúdo)

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