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Ministro da Justiça Flavio Dino blinda auxiliares em caso da “dama do tráfico”; ministro descartou demitir secretário

Dino afirmou que ficaria desmoralizado se demitisse secretários da pasta de forma “injusta”. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Em meio às críticas que vem sofrendo pela ida de Luciane Farias, a “dama do tráfico”, ao Ministério da Justiça, o titular da pasta, Flávio Dino, afirmou que não pretende demitir os secretários que participaram de audiências com ela. Condenada em segunda instância a 10 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa, Luciane Farias, que é mulher de um chefe de facção no Amazonas, recorre dos processos em liberdade.

Dino disse que os secretários não cometeram qualquer ilegalidade. Luciane esteve duas vezes na sede do ministério, em Brasília. “Os secretários praticaram algum ato ilegal? Os secretários praticaram algum crime? Beneficiaram supostamente o Comando Vermelho em quê? É preciso ter um pouco de responsabilidade e de seriedade”, cobrou Flávio Dino.

Ele fez questão de dizer que confiança em seus auxiliares. “Eu tenho o comando da minha equipe, confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto. Se eu fizesse isso, quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu”, afirmou, em um evento no Ceará na quinta-feira. A publicação revelou que Luciane esteve na pasta em duas ocasiões com os secretários de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, e com o de Políticas Penais, Rafael Brandani. Ela é mulher de Clemilson Farias, o Tio Patinhas, chefe do Comando Vermelho no Amazonas, que está preso, cumprindo pena de 31 anos.

Alvo de ataques

O ministro vem sofrendo ataques da oposição, mas também de uma ala governista. Na quarta-feira, Lula saiu em defesa de Dino e afirmou que o auxiliar vem sendo alvo de “absurdos ataques artificialmente plantados”. Outros integrantes do primeiro escalão também prestaram solidariedade ao colega de Esplanada. O petista afirmou que Dino “já reiterou que jamais encontrou com esposa de líder de facção criminosa”.

Ele atribuiu os ataques a interesses contrariados pela pasta. “Não há uma foto sequer, mas há vários dias insistem na disparatada mentira”, postou o presidente. Esse episódio, somado a crises de segurança que atingem estados como Rio e Bahia, além de sinais emitidos pelo Senado enfraqueceram o nome de Dino para ocupar a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Auxiliares de confiança de Lula avaliam que, nesse cenário, o advogado-geral da União, Jorge Messias, ganhou fôlego na disputa que ele trava com o colega de governo nos bastidores.

Vídeo falso

Nas redes sociais, circula um vídeo que mostra Dino tirando foto ao lado de uma mulher. Legendas alegam que ela é a esposa do traficante Tio Patinhas, o que não é verdade. A mulher que aparece ao lado do ministro, na verdade, é a humorista Ví Alvares.

Ela publicou um vídeo no YouTube sobre o encontro e outro, filmado a partir da plateia, de um evento com Dino em julho deste ano. Após a circulação da mensagem falsa, ela fez um novo post em que desmente a informação. O caso envolve ainda o Ministério dos Direitos Humanos.

A “dama do tráfico” teve uma viagem para Brasília, com o objetivo de participar de um evento, custeada pela pasta. Após a repercussão negativa, o ministro Silvio Almeida classificou o caso como uma “tentativa generalizada” de “fabricar escândalos” por parte de “extremistas de direita”.

Custos de viagem

O Ministério dos Direitos Humanos pagou as passagens aéreas de ida e volta, entre Manaus e Brasília, e também arcou com três diárias de Luciane. Ao todo, o desembolso de verba pública para que Luciane participasse do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, realizado nos dias 6 e 7 de novembro, foi de R$ 5.909,07.

A maior despesa ficou por conta do trajeto de avião: R$ 4.861,22. Já o montante relativo às três diárias foi de R$ 1.047,85. As informações constam no Painel de Viagens mantido pelo governo federal, que não fornece maiores detalhamentos dos gastos da “dama do tráfico”. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, o pagamento aconteceu após Luciane ter sido indicada para participar do evento em Brasília pelo Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas.

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