Em suas redes sociais, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, disse que não poderia ter evitado os atos criminosos do dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.
Na publicação, feita neste sábado (14), ele diz que “a direita golpista” insiste nesse “desvario” e esclareceu que o Ministério da Justiça não comanda o policiamento ostensivo nem a segurança institucional, a não ser em caso de intervenção federal.
“Polícia Federal é polícia judiciária e não tem atribuição de segurança institucional dos prédios dos 3 Poderes”, disse.
Dino também falou que não existia “base real” para propor uma intervenção federal antes do dia 8 e que ele teria sido criticado caso tomasse essa medida também. “Não sou profeta.”
Alguns líderes de oposição no Congresso assinaram documentos pedindo a convocação de Flávio Dino à Câmara e ao Senado para explicar eventuais responsabilidades sobre os ataques aos prédios dos Poderes. O deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) chegou a pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a prisão de Dino, o que foi negado.
Por fim, ainda neste sábado, o ministro da Justiça afirma que não havia como se antecipar e decretar intervenção antes dos acontecimentos.
“Fico pensando se eu tivesse proposto intervenção federal ANTES dos eventos do dia 8. O que diriam: ‘ditadura bolivariana, Coreia do Norte, Cuba, etc etc’. Propus intervenção federal com base real, não com base em presunções. Não sou profeta. Tampouco ‘engenheiro de obra pronta’…”.
A intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal, já aprovada pelo Congresso, vale até o dia 31 de janeiro.
Insubordinação
Reportagem do jornal norte-americano The Washington Post aponta que o comandante sênior do Exército brasileiro, general Júlio César de Arruda disse ao ministro da Justiça, Flávio Dino: “Vocês não vão prender gente aqui”. Isso deu a oportunidade a centenas de golpistas escaparem da prisão.
Agora, autoridades investigam como prova de “suposto conluio entre militares e policiais e os milhares de manifestantes que invadiram as instituições no coração da jovem democracia brasileira”, conforme aponta a reportagem.
Nos últimos dias, o ministro tem afirmado que pediu reforço policial ao governo do Distrito Federal na véspera dos atos e que havia estranhado o relaxamento no esquema de segurança, que permitiu que manifestantes se aproximassem do Congresso Nacional, em vez de seguir o plano inicial de barrar o acesso à Esplanada a partir da Rodoviária do Plano Piloto.
Desde que o presidente Lula foi eleito em segundo turno, no final de outubro, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro demonstram inconformismo com o resultado do pleito e pedem um golpe militar no país, para depor o governo eleito democraticamente. As manifestações dos últimos meses incluíram acampamentos em diversos quartéis generais do país e culminaram com a invasão e depredação das sedes dos três Poderes, no domingo passado.