Apesar da dificuldade em se encontrar vacinas de AstraZeneca em todo o País, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta segunda-feira (13) que o intervalo entre as doses do imunizante será diminuído de 12 para 8 semanas a partir de quarta-feira (15). A redução do intervalo da Pfizer a partir de setembro já havia sido anunciada por Queiroga no mês passado. Já a Coronavac tem intervalo menor, de 28 dias, e a vacina da Janssen é de dose única.
Apesar das mudanças nos intervalos, os critérios adotados ainda diferem das recomendações das fabricantes. A Pfizer recomenda intervalo de 21 dias entre as doses e a AstraZeneca, de 12 semanas, como acontece hoje.
Torre de Babel
O ministro ainda criticou nesta segunda o que chamou de “torre de Babel” nos critérios de aplicação de vacinas em todo o País. Segundo Queiroga, os gestores de saúde deveriam utilizar vacinas da Pfizer como segunda dose para quem tomou AstraZeneca apenas em casos excepcionais.
“A ideia é que a vacina seja homóloga. A dose heteróloga é para o reforço ou dose adicional”, esclareceu o ministro. “E isso (dose adicional) é para idosos acima de 70 anos e imunocomprometidos. Há Estados que já anunciaram que vão vacinar acima de 60 anos. Então fica difícil, como conseguimos conduzir uma campanha de vacinação com essa espécie de torre de babel vacinal?”.
O Estado de São Paulo tem cerca de 1 milhão de pessoas que não receberam a segunda dose do imunizante da AstraZeneca por falta de imunizantes e, por isso, decidiu aplicar a partir desta segunda a Pfizer para evitar o atraso na campanha de vacinação.
Em relação à utilização da Coronavac para a dose de reforço, Queiroga voltou a cobrar a apresentação de dados pelo Instituto Butantan à Anvisa, como forma de liberar o registro definitivo da vacina produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. “O que a ciência tem apontado é que sistema heterólogo é mais suficiente”, afirmou o ministro sobre a dose de reforço.
A pasta da Saúde não recomenda o uso de Coronavac em idosos, o que tem acontecido em São Paulo. “Eu falo para gestores de saúde, sigam o PNI (Programa Nacional de Imunização), e juntos vamos fazer uma campanha mais eficiente”, pediu o ministro.
Queiroga ainda minimizou o surgimento de variantes do novo coronavírus. “A cada dia a gente constata que não será problema tão grande como temíamos”, afirmou sobre a variante Delta. “Variante Mu é de importância, não ainda de preocupação”.
Fim das máscaras
Queiroga repetiu que o fim do uso obrigatório de máscaras deve ser anunciado em breve. “Estamos bem perto de chegar a isso no Brasil. Mas é preciso que nossa campanha avance mais”, ponderou.
Bolsonaro estaria pressionando o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a definir uma data e assinar um decreto para que a utilização de máscaras contra a Covid- 19 deixe de ser obrigatória no País.
Nas últimas semanas, o presidente tem insistido para que a cúpula da Saúde defina o quanto antes a suspensão do uso de equipamento de proteção. O ministro disse recentemente que “todos nós queremos ficar livres dessas máscaras e, no momento adequado, ou seja, quando a situação sanitária permitir, o ministério da Saúde irá fazer as suas recomendações”.
O estudo sobre a não obrigatoriedade do uso de máscaras, encomendado pelo presidente em junho, está a cargo da secretaria de Ciência e Tecnologia do ministério da Saúde. A ideia era que fosse feito um levantamento sobre pesquisas e evidências publicadas na literatura científica a respeito da suspensão do uso de máscaras em populações vacinadas, mas o estudo não andou adiante.