Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2021
"O Ministério da Saúde pode rever a posição desde que haja evidência científica sólida", destacou Queiroga
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência BarsilO ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira (16) que a decisão de restringir a vacinação contra o coronavírus de adolescentes apenas aos grupos prioritários (deficiência permanente, comorbidades e privados de liberdade) em todo o País tem relação com a falta de evidências científicas consolidadas sobre o benefício da imunização para essas pessoas.
“O Ministério da Saúde pode rever a posição desde que haja evidência científica sólida. Por enquanto, por questão de cautela, temos eventos adversos a serem investigados, temos adolescentes que tomaram vacinas que não estavam recomendadas, temos que acompanhar”, informou o ministro.
Queiroga citou que mais de 3,5 milhões de adolescentes já foram vacinados no Brasil de forma “intempestiva”, ou seja, sem a autorização do Plano Nacional de Imunizações, que previa a aplicação apenas entre os grupos prioritários dessa faixa etária a partir de 15 de setembro. Segundo ele, 1,5 mil adolescentes apresentaram eventos adversos, o que representa 0,042% do total.
“Não é um número grande, mas temos que ficar atentos”, ressaltou. A maioria dos eventos adversos (93%) ocorreu no público que tomou vacinas sem autorização para uso em adolescentes. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou, em junho, a aplicação da Pfizer em pessoas a partir de 12 anos sem restrições.
Queiroga esclareceu que os adolescentes sem comorbidades que já tomaram a primeira dose não devem tomar a segunda. Como parte dos argumentos para o recuo na previsão de vacinar todos os adolescentes, Queiroga citou a decisão do Reino Unido de não vacinar todas as pessoas da faixa etária entre 12 e 15 anos.
A recomendação britânica foi tomada com base em um efeito colateral raríssimo provocado pela vacina da Pfizer: uma inflamação no coração chamada de miocardite. O governo do Reino Unidos disse que vai aguardar mais estudos.
Por outro lado, o próprio ministro da Saúde brasileiro admitiu que já há indicações de que o risco de miocardite associado à Covid-19 é maior do que o associado à vacinação com os imunizantes que usam a tecnologia mRNA.
A Anvisa afirmou, em julho, que acompanhava os relatos de miocardite, sobretudo nos mais jovens após a segunda dose, mas esclareceu que mantinha a recomendação da imunização com a vacina da Pfizer. Na mesma época, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que os casos eram raros e que os benefícios superavam os riscos.
Grupo autorizado
Na quarta-feira (15), o Ministério da Saúde publicou uma nota informativa para avisar que retirou os adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de vacinação. Agora, a vacinação deve ficar restrita a três perfis específicos nessa faixa etária: adolescentes com deficiência permanente, adolescentes com comorbidades e adolescentes que estejam privados de liberdade.
A nota contraria outro texto publicado pela pasta em 2 de setembro, que recomendava a vacinação para todos os adolescentes a partir do dia 15 deste mês.