O ministro da Indústria venezuelano, Tareck El Aissami, foi acusado em uma Corte de Nova York de violar a lei de chefões estrangeiros de tráficos de drogas, informou o procurador federal de Manhattan. Essa é a primeira vez desde o começo da crise venezuelana que um ministro em exercício é acusado na Justiça americana, que também apresentou acusação pelos mesmos crimes ao empresário venezuelano Samark José López Bello.
El Aissami, de 44 anos, “usou sua posição de poder para se envolver no narcotráfico internacional”, “contornou as sanções e violou a lei americana sobre barões da droga estrangeiros”, disse Angel Meléndez, agente especial do departamento de Segurança Nacional, citado no comunicado. “Tanto El Aissami quanto López Bello terão que pensar duas vezes antes de deixar a Venezuela porque são procurados pela Justiça nova-iorquina”, acrescentou.
A acusação diz que dois cidadãos americanos que também foram acusados – Víctor Mones Coro e Alejandro Miguel León Maal – usaram empresas baseadas nos Estados Unidos para contratar aviões particulares para que El Aissami e López Bello pudessem viajar de e para a Venezuela, Rússia, Turquia e República Dominicana, entre outros lugares.
Em violação às sanções americanas, destaca, El Aissami e López Bello pagaram a Mones e León pelos voos privados, por exemplo “usando sócios para entregar grandes quantias de dinheiro vivo em Caracas, Venezuela, que foram contrabandeadas aos Estados Unidos”. Os quatro são acusados de cinco crimes que acarretam pena máxima de cinco anos cada um. Ou seja, El Aissami enfrenta uma pena máxima de 30 anos, se chegar a ser detido e extraditado aos Estados Unidos.
A lei de chefes do narcotráfico estrangeiros (Kingpin Act) bloqueia todas as propriedades e interesses em propriedades dentro dos Estados Unidos ou em posse ou controle de uma pessoa americana, que sejam de propriedade ou controladas por estrangeiros considerados “narcotraficantes especialmente designados”.
El Aissami e López Bello foram incluídos na lista de narcotraficantes estrangeiros designados dos Estados Unidos em fevereiro de 2017. O Tesouro acusou, então, El Aissami de facilitar, proteger e supervisionar grandes cargas de drogas da Venezuela com destino a México e Estados Unidos enquanto atuava como ministro do Interior e governador do estado de Aragua.
El Aissami recebeu pagamentos do narcotraficante venezuelano Walid Makled e também tinha laços com o violento cartel mexicano dos Zetas, denunciou o Tesouro. O governo venezuelano de Nicolás Maduro rompeu relações com os Estados Unidos em 23 de janeiro, depois de Washington reconhecer o opositor Juan Guaidó, presidente do Parlamento, como presidente interino da Venezuela.