O chefe da diplomacia da Rússia declarou, no sábado (19), que as sanções do Ocidente para tentar pôr fim à guerra na Ucrânia acabam por aproximar a China dos russos.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou no mesmo dia que as relações com a China vão se fortalecer diante das circunstâncias políticas atuais.
“Em um momento em que o Ocidente está descaradamente minando todas as bases em que o sistema internacional se baseia, é claro que nós, como duas grandes potências, precisamos pensar em como continuar neste mundo”, disse Lavrov.
Xi Jinping tem defendido o fim rápido da guerra, mas critica as sanções aplicadas contra a Rússia. Para o presidente chinês, os bloqueios econômicos podem levar a uma crise global.
Líderes europeus dizem que têm informações confiáveis de que o governo chinês considera prestar assistência militar à Rússia. Se isso de fato acontecer, a União Europeia já avisou que vai impor barreiras comerciais contra a China.
Europa
A Polônia formalizou uma proposta para que o bloco europeu proíba qualquer relação comercial com a Rússia.
O primeiro-ministro do Reino Unido descartou normalizar as relações com a Rússia – como foi feito em 2014, depois da anexação da Crimeia. Boris Johnson descreveu as ações do Kremlin na Ucrânia como um ataque bárbaro contra civis inocentes, coisa que não se via desde os anos 1940.
Várias cidades europeias tiveram mais um sábado de protestos contra a invasão da Ucrânia. Manifestantes em Lisboa, Madri e Paris pediram o fim imediato dos ataques.
“Estas manifestações significam o apoio forte de Portugal à Ucrânia neste tempo dramático”, diz Inna Ohnivets, embaixadora da Ucrânia em Portugal.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, gravou um vídeo para os milhares de participantes de um protesto em Berna, capital da Suíça. Ele fez um apelo ao governo para que acabe com os privilégios que os oligarcas russos têm no país e sugeriu que eles tenham as contas congeladas.
A Suíça não é integrante da União Europeia, mas adotou as sanções do bloco contra pessoas e empresas russas. A estimativa é que a Rússia tenha US$ 213 bilhões guardados em bancos suíços.
China e EUA
Durante 1 hora e 50 minutos, e separados por mais de 11 mil quilômetros, os líderes das duas maiores potências mundiais tiveram, na manhã de sexta (18), uma conversa aberta sobre a maior crise enfrentada pela Europa em quase oito décadas.
De um lado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu e “descreveu as implicações e consequências, caso a China forneça apoio material à Rússia” na invasão à Ucrânia. Do outro lado, o líder chinês, Xi Jinping, buscou contemporizar e pediu uma saída pacífica para a crise no leste da Europa. Ele lembrou que o conflito e a confrontação não interessam a ninguém.
“A China defende a paz e se opõe à guerra. Isso está embutido na história e na cultura da China”, declarou. A reunião, por meio de videoconferência, ocorreu em clima de tensão, ante as suspeitas de que os chineses estariam dispostos a fornecer ajuda militar aos russos, importante aliado comercial.
De acordo com a agência estatal de notícias chinesa Xinhua, o presidente Xi teve “uma troca de pontos de vista sincera e profunda” com Biden sobre a crise na Ucrânia, as relações sino-americanas e assuntos de interesse mútuo. O líder da China assegurou ao homólogo dos EUA que a defesa da preservação do direito internacional, a adesão à Carta das Nações Unidas e a promoção de uma visão de segurança comum e cooperativa são princípios que sustentam a abordagem de Pequim em relação á crise da Ucrânia.
Em comunicado à imprensa, a Casa Branca destacou que a conversa se concentrou na “invasão não provocada” da Ucrânia e ressaltou que Biden detalhou a Xi os esforços dos EUA para prevenir e responder à invasão, incluindo as sanções financeiras impostas à Rússia. O democrata qualificou as ações das forças russas na Ucrânia como “ataques brutais contra cidades e civis”.