O chanceler Mauro Vieira comparecerá em março à Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado para debater a crise diplomática entre Brasil e Israel gerada após fala do presidente Lula sobre o conflito entre israelenses e o grupo terrorista Hamas. O presidente brasileiro comparou a ação de Israel em Gaza, na Palestina, ao Holocausto — o extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial.
A ida de Mauro Vieira à CRE foi negociada pelo presidente do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL). O emedebista anunciou ter feito o convite ao chanceler em uma rede social nesta terça-feira (20).
No último domingo, Lula comparou a resposta de Israel, na Faixa de Gaza, contra ataques do Hamas ao extermínio de judeus por nazistas liderados por Adolf Hitler. A declaração provocou fortes reações israelenses, e o governo do país declarou o petista “persona non grata”.
Renan Calheiros disse que convidou Mauro Vieira para debater a crise em uma audiência na CRE e que o chanceler se “prontificou” a comparecer na primeira semana de março.
“Convidei o chanceler Mauro Vieira para ir à CRE do Senado debater a crise com Israel, responder indagações e dúvidas. O ministro, como sempre, se prontificou a ir já na primeira semana de março, em virtude das agendas do G-20 e outros compromissos internacionais”, declarou o emedebista.
Renan é aliado do governo e, com o movimento, enfraquece uma articulação de parlamentares da oposição que querem convocar Mauro Vieira.
Convocação é um ato político mais grave e, quando ocorre, o ministro é obrigado a comparecer à comissão. Caso contrário, pode incorrer em crime de responsabilidade.
Convites são vistos pela classe política como instrumentos mais brandos, e o comparecimento do ministro não é compulsório.
Outros desdobramentos
Nessa segunda, Mauro Vieira convocou o embaixador Israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para uma reunião de reprimenda no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.
Em outra frente, o governo mandou o embaixador em Israel, Frederico Meyer, voltar de Tel Aviv para o Brasil.
As medidas foram tomadas, segundo comunicado do Itamaraty, “diante da gravidade das declarações desta segunda-feira do governo de Israel”.
Em um post em português nas redes sociais nesta terça-feira (20), o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, classificou a comparação feita por Lula de “promíscua e delirante”, e reafirmou que Lula “continuará sendo persona non grata em Israel” até que se desculpe.