O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse nessa quinta-feira (16) que a fusão anunciada entre as companhias aéreas Azul e Abra, investidora majoritária da Gol e da Avianca, é positiva, pois o pior cenário seria que as duas empresas “quebrassem”. Segundo o ministro, a operação não deve mudar a configuração do mercado, tendo em vista que as duas companhias “já controlam” o setor.
“O pior cenário seria que essas empresas quebrassem. Pelo contrário, estamos tendo um crescimento e agora temos que oferecer uma mão amiga para que esse setor continue a performar bem. O olhar do governo do presidente Lula será um olhar prioritário na preservação dos empregos do setor e o fortalecimento da malha aérea no País”, afirmou em café da manhã com jornalistas.
A Azul e a Abra, investidora majoritária da Gol e da Avianca, informaram ao governo Lula e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a intenção de fusão entre as companhias. A medida foi anunciada por ambas ao mercado na quarta-feira (15).
O Grupo Abra será o maior acionista individual da companhia que vier a ser formada com a união da Azul e da Gol. O valor exato da participação de cada acionista na nova companhia resultante da fusão só será determinado no momento da assinatura do acordo, o que pode levar muitos meses ou até não acontecer, aponta o Chief Financial Officer (CFO) da Abra, Manuel Irarrázaval.
“Tudo vai depender do sucesso das negociações de reestruturação financeira das duas empresas”, disse o executivo.
Mas uma coisa é certa: a eventual união das duas empresas, que passarão a deter 60% no mercado doméstico brasileiro, ainda que mantendo as marcas separadas, deverá levar a um crescimento de voos internacionais.
“As empresas terão a melhor conectividade do País, então será um passo natural expandir a operação internacional”, afirma.
As duas marcas prosseguiriam separadas, mas além de sinergias operacionais, a fusão pode ampliar o número de destinos ofertados aos passageiros. A expectativa é que seria possível combinar voos das duas empresas em um mesmo bilhete, contemplando cerca de 200 destinos.
Na prática, seria como comprar um bilhete de um voo de uma capital do País para uma cidade de médio porte, mesmo que o trecho seja operado em parte pela Gol e parte pela Azul. De outro lado, voltar ao modelo de apenas dois grandes grupos no mercado aumenta a concentração e é apontado como risco de aumento de preços. De janeiro a setembro do ano passado, a Gol transportou 21,9 milhões de passageiros, enquanto a Azul registrou 22,7 milhões de clientes.