Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2025
Desde a semana passada, com a queda mais expressiva das cotações do petróleo no mercado internacional, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem feito pressão nos bastidores para que a Petrobras reduza os preços dos combustíveis nas refinarias. A informação foi confirmada ao jornal Valor Econômico por duas fontes graduadas.
Na segunda-feira (7), o preço do barril do petróleo tipo Brent caiu 2,08%, para US$ 64,21, enquanto as ações ordinárias da estatal tiveram queda de 5,65%, para R$ 35,60, e os papéis preferenciais caíram 3,97%, a R$ 33,18. Desde quarta-feira (2) até segunda a estatal perdeu R$ 60,6 bilhões em valor de mercado na bolsa.
As ações da estatal vêm em queda diante das incertezas causadas pelo tarifaço de Donald Trump e pela decisão dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) de aumentar a produção da commodity em 411 mil barris por dia a partir de maio.
Mas a queda mais acentuada das ações da empresa ontem refletiria também receios do mercado ante uma eventual ingerência política sobre a companhia, avaliaram fontes.
O ministro teria procurado o comando da petroleira na semana passada, após o anúncio da Opep+. A queda do Brent abriria espaço para novas reduções, na visão de Silveira. A informação sobre a pressão do ministro foi veiculada na segunda pela CNN Brasil. Procurados, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Petrobras não comentam o caso.
Os preços dos combustíveis são definidos pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, pelo diretor financeiro, Fernando Melgarejo, e pelo diretor de comercialização e mercados, Claudio Schlosser. O conselho de administração da empresa, por sua vez, não trata de reajustes, apenas verifica se a política de preços está sendo aplicada conforme o previsto.
Fontes próximas à companhia dizem que qualquer decisão de baixar ou aumentar os preços do diesel ou da gasolina será técnica. A empresa argumenta que evita repassar volatilidades na cotação do dólar ou do Brent para os preços dos derivados.
Em 1º de abril, a Petrobras cortou o preço do diesel em R$ 0,17 por litro, ou 4,6%. Foi a primeira vez que a petroleira reduziu o preço do produto desde dezembro de 2023, ainda na gestão de Jean Paul Prates.
Antes da mudança deste mês, a empresa havia aumentado o combustível em R$ 0,22 por litro em fevereiro, depois de passar mais de um ano sem mexer no diesel. A gasolina, que teve aumento em julho de 2024, segue sem mudança.
Segundo cálculos da StoneX, a gasolina da Petrobras está R$ 0,15 acima do preço de paridade de importação, ou 5,2%. O diesel da estatal, diz a consultoria, está R$ 0,17 acima do preço internacional, ou 4,9%.
Conforme a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), tanto a gasolina quanto o diesel da Petrobras estão R$ 0,11 mais caros do que a paridade de importação, sendo a gasolina 4% e o diesel 3% acima.
Neco Argenta, presidente da distribuidora de combustíveis Argenta, defende uma queda mais expressiva dos preços dos combustíveis, como forma de ajudar o país num momento de alta da inflação. As informações são do jornal Valor Econômico.