Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2023
Na reunião organizada por José Múcio, Lula deve abordar a postura de militares na invasão do Palácio do Planalto, da qual queixou-se por ver “conivência” de alguns soldados
Foto: Antonio Cruz/Agência BrasilCinco dias depois de afirmar que “perdeu a confiança” em militares da ativa das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um encontro com os comandantes-gerais de Exército, Marinha e Aeronáutica. O encontro é organizado pelo ministro da Defesa, José Múcio, que tem atuado para distensionar a relação entre o governo e os militares.
Na reunião, Lula deve abordar a postura de militares na invasão do Palácio do Planalto, da qual queixou-se por ver “conivência” de alguns soldados, e falar sobre um assunto de interesse das Forças, os investimentos em projetos estratégicos que demandam recursos bilionários.
A reunião deve ocorrer ainda nesta semana, idealmente até sexta-feira (20) segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa. A convite do ministro da Defesa, Costa participou de almoço prévio com os três comandantes nesta terça-feira (17). Ao sair, afirmou que as Forças Armadas não podem permanecer “contaminadas” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e falou em evitar generalizações.
“Não podemos permanecer com nossas instituições contaminadas por esse conceito de governo que se encerrou dia 31″, afirmou Costa. “Não podemos misturar isso com eventuais comportamentos inadequados de um, dois ou dez, pessoas de instituições diferentes, seja Forças Armadas, Ministério Público ou Judiciário, que tiveram comportamentos que não deveriam ter ocorrido ao longo desse último período.”
Projeto de Estado
Segundo ele, Lula defende Forças Armadas que “sejam e pensem como projeto de Estado” e quer discutir com os comandantes a modernização da Defesa, com investimentos alinhados ao desenvolvimento de ciência e tecnologia. Com isso, Lula tenta por em pauta um tema do agrado dos comandantes.
Eles pleiteiam que o investimento do Estado em Defesa seja de ao menos 2% do PIB, uma cifra usada na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a maior aliança militar ocidental. Os projetos atuais (caças Gripen, avião KC 390, blindados Guarani, Sisfron, submarinos e fragatas) foram elaborados nos primeiros governos do petista, o que ele costuma usar como trunfo nas conversas com oficiais-generais.